PRIVATIZAÇÃO

Unigel, antiga Fafen, demite mais de 380 funcionários após privatização na Bahia

A Federação Única dos Pretoleiros (FUP) sugere medida que contemple as vontades da Petrobras, dos trabalhadores e da instituição

Unigel da sede de Laranjeiras, em Sergipe.Créditos: Reprodução
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Com a privatização da fábrica de fertilizantes Fafen em Camaçari, na Bahia, seguida da demissão em massa dos funcionários, a Federação Única dos Petroleros (FUP) propôs um acordo que atende aos interesses dos trabalhadores, da Petrobrás e da Unigel, que passou a controlar a fábrica. 

Ao todo, a Protigel Química S.A, antiga Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados da Petrobrás (Fafen), localizada em Camaçari, região metropolitana de Salvador, na Bahia, demitiu 264 trabalhadores diretos e 120 indiretos, totalizando 384 pessoas. O comunicado da paralisação das atividades industriais foi publicado pela diretoria da empresa na última quarta-feira (1º). 

Em nota, a FUP menciona que o contrato precisa ser maior do que aqueles aplicados a Tolling, com a permissão para a realização de concursos públicos, contratação e treinamento de novos funcionários, sem a interrupção da produção.

"Tenho certeza de que é totalmente possível reverter essa situação sem prejudicar os trabalhadores da Unigel. Nossa proposta é factível e sólida, e dá aos trabalhadores tempo para se organizarem e se prepararem para a solução a ser definida pela Diretoria Executiva da Petrobrás", afirmou Deyvid Bacelar, coordenador geral da FUP.

Os funcionários cumprirão aviso prévio de 30 dias. A principal razão apontada para a demissão em massa seria o “alto custo do gás natural” provido pela Petrobras e, de acordo com a empresa, as tentativas de renegociação de valor foram feitas “inúmeras vezes”. 

Segundo a instituição, o valor da obra-prima acabava encarecendo o produto final, que ficava com o preço incompatível com o do mercado internacional

Uma das opções consideradas pela corporação seria um contrato de Tolling, que se trata do acordo entre a empresa que possui a matéria-prima com outra, que será responsável por processá-la. No entanto, a Petrobras não aceitou a opção. 

Sindiquímica buscou mobilizar o governo federal, estadual e a Petrobras para que houvessem posicionamentos quanto aos postos de trabalho e dada alguma certeza quanto ao futuro dos funcionários. 

"A nossa preocupação enquanto sindicato que defende os direitos dos trabalhadores é a preservação dos postos de trabalho, com uma solução imediata que venha do governo da Bahia ou do governo federal, por meio da Petrobras, que pode retornar a operação com as Fafens. Independentemente da solução encontrada, queremos a garantia de que todos os trabalhadores serão aproveitados", cobra José Pinheiro, diretor do Sindiquímica Bahia.

A Fafen foi fechada durante o governo de Michel Temer, em 2016 e, posteriormente, arrendada para a iniciativa privada, durante o mandato de Jair Bolsonaro. Desde então, as unidades vêm em um movimento de paralisação por conta do custo da matéria-prima principal – o gás natural.

No estado do Paraná, a Fafen-PR, localizada em Araucária, na região metropolitana de Curitiba, foi negociada entre a Petrobras e a empresa norueguesa Yara, em dezembro de 2022. 

Após mais um fracasso frente à privatização, os funcionários da instituição comemoraram o fim do processo e alertaram sobre o significado econômico que a empresa representa para o patrimônio nacional. 

“Dependemos da importação de fertilizantes que antes a Petrobrás produzia em Sergipe, Bahia e Paraná, da mesma forma que a privatização e subutilização de nossas refinarias vêm tornando o país dependente da importação de derivados do petróleo”, afirmou Deyvid Bacelar, coordenador-geral da FUP.