"Órgão europeu da aristocracia das finanças", segundo Karl Marx, a revista neoliberal britânica The Economist revelou em artigo nesta segunda-feira (30) a excitação do sistema financeiro com a possibilidade de uma terceira Guerra Mundial em meio às guerras na Ucrânia e, mais recentemente, em Gaza, onde o Estado sionista de Israel realiza um verdadeiro genocídio do povo palestino.
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"O que uma terceira guerra mundial significaria para os investidores", diz o título do texto, complementado pela linha fina logo abaixo: "Os conflitos globais têm o hábito de se aproximar sorrateiramente dos gestores de dinheiro".
No texto, The Economist lembra a Primeira Guerra Mundial que teria pegado de surpresa os agentes do sistema financeiro.
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"A Europa caminhava em direção ao matadouro há anos e, em 1914, um conflito era praticamente inevitável – esse, pelo menos, é o argumento frequentemente apresentado em retrospectiva. No entanto, na altura, como observou Niall Ferguson, historiador, num artigo publicado em 2008, os investidores não sentiam o mesmo. Para eles, a Primeira Guerra Mundial foi um choque. Até a semana anterior à sua erupção, os preços nos mercados obrigacionistas, cambiais e monetários quase não se alteraram", diz o texto.
Em seguida, a publicação fundada pelo banqueiro James Wilson em 1843, no advento do movimento sionista internacional, indaga: "Estarão os mercados financeiros mais uma vez a subestimar o risco de um conflito global?"
Segundo a revista, o caminho para a terceira guerra mundial começou há dois anos, quando as tropas russas se concentraram na fronteira com a Ucrânia.
"Hoje, a batalha de Israel contra o Hamas tem o potencial assustador de transbordar para além das suas fronteiras. O apoio militar americano é crucial tanto para a Ucrânia como para Israel, e no Iraque e na Síria as bases da superpotência têm estado sob fogo, provavelmente por representantes do Irã", afirma.
Em seguida, a revista ainda cogita algo que está totalmente fora do cenário internacional, envolvendo diretamente a China.
"Se a China decidir que é hora de tirar partido de uma superpotência distraída e invadir Taiwan, os Estados Unidos poderão facilmente acabar envolvidos em três guerras ao mesmo tempo", diz. "O resto do mundo corre o risco de essas guerras se interligarem e se transformarem em algo ainda mais devastador."
Bilhões de dólares para Israel
O artigo foi publicado no mesmo dia em que os republicanos enviaram ao Congresso dos EUA um projeto de lei no valor de US$ 14,3 bilhões (R$ 72,1 bilhões) para ajuda a Israel. O valor corresponde ao solicitado pelo presidente democrata, Joe Biden.
O objetivo do projeto é "fornecer dotações adicionais de emergência para responder aos ataques em Israel para o ano fiscal que termina em 30 de setembro de 2024 e para outros fins". A cifra não contempla, no entanto, outros conflitos em que os EUA estão envolvidos, como na Ucrânia, onde o país atua por intermédio da Organização do Tratado do Atlântico Norte, a Otan.
Os EUA concentram 43% do comércio global de armamentos, e as empresas que fornecem material bélico a Israel acumulam lucros e valorização na bolsa de Nova York após o início da ação sionista em Gaza.
Nesta terça-feira (31), o jornal israelense Israel Hayom, citando fonte militar, afirmou que somente "10% do plano de destruição do Hamas foi cumprido", mesmo após bombardeios constantes por parte do país.
"Talvez tenhamos percorrido cerca de 10% da rota necessária para atingir o objetivo de derrubar o Hamas", declarou a fonte, conforme reportagem do jornal.
Lucros da guerra
Uma das mais lucrativas do mundo, a indústria da guerra registrou altos ganhos em negócios com Israel nos últimos meses, gerando lucro para os investidores e acionistas na Bolsa de Nova York.
Com a guerra na Ucrânia, no ano passado as cinco principais empresas de armas dos EUA superaram os índices de Wall Street. As ações da Lockheed Martin, Raytheon, Boeing, Northrop Grumman e General Dynamics valorizaram 12,78% após o início da guerra entre Vladimir Putin e Volodymyr Zelensky.
Antes do início do conflito no Oriente Médio, as empresas também já firmaram contratos com EUA e Israel.
A Boeing, que fabrica os caças F-15, vendeu em 2020 US$ 2,4 bilhões para Israel por meio do Departamento de Estado dos EUA. Em fevereiro de 2021, a gigante da aeronáutica firmou outro contrato diretamente com o Ministério de Defesa de Israel no valor de US$ 9 bilhões. A Boeing também fabrica as bombas GBU-39 e GBU-31, que são usadas para atacar os alvos em Gaza.
Fabricante dos mísseis usados para armar os aviões F-15 e F-35, a RTX (Raytheon Technologies) viu as ações subirem 4% desde o início dos bombardeios pelas forças israelenses. Em 2021, a RTX fechou um contrato de US$ 237 milhões com o Exército dos EUA para fornecer sensores de radiofrequência para detectar a presença de drones.
A Raytheon também é parceira da Rafael Advanced Defense e da Israel Aerospace Industries, empresas bélicas de Israel, no desenvolvimento do chamado Domo de Ferro, sistema de defesa aéreo para interceptar e destruir mísseis de curto alcance e bombas de artilharia que são usados pelo Hamas.
Outra parceira da Rafael Defense é a Lockheed Martin, que tem contrato para construir um sistema de navegação a laser de armas usado em aviões de guerra F-16.
Maior empresa de armamento do mundo, a Lockheed Martin ainda tem parceira com a outra gigante Northrop Grumman para fabricar o F-35. A Northrop, que também fabrica satélites, viu as ações subirem 10,6% após o início do conflito na Palestina.
Já a General Dynamics, que fabrica as bombas Mark 84, além de tanques, navios e equipamentos de comunicação, viu as ações dispararem 8,1% após os ataques de Israel a Gaza.