Diretor de Pesquisa Macroeconômica para América Latina do Goldman Sachs - um dos maiores bancos de investimentos do mundo -, Alberto Ramos afirmou em entrevista ao Broadcast do Estadão que Lula (PT) é o favorito para vencer o segundo turno das eleições presidenciais e que há uma "expectativa do mercado" que ele rume mais ao centro, citando o vice, Geraldo Alckmin, e admitindo que a coalização formada em torno do petista já é "quase centro".
"Acho que o presidente Lula ainda é o favorito, dado que ficou muito próximo dos 50% e precisa converter apenas uns 20% dos votos que foram para outros candidatos, assumindo que não perde nenhum dos que votaram nele no primeiro turno e que, quem não votou, não votará também no segundo turno", disse.
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Ramos elogiou a presença de Alckmin na chapa - com clara sinalização ao centro - e pediu a antecipação do nome do futuro ministro da Fazenda, caso Lula saia mesmo vitorioso no próximo dia 30.
"Há uma expectativa no mercado de que Lula tenha de se mover um pouco mais ao centro. Eu acho que ele já se moveu bastante ao centro, pelo fato de ter escolhido Alckmin como vice-presidente e por todo o posicionamento político e retórico, fazendo o apelo forte ao voto útil. Acho que não há muito mais o que extrair dessa estratégia, porque mais ao centro já vira quase direita", afirmou, antes de cobrar o nome que comandará a economia em eventual governo petista.
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"Lula fez uma campanha muito do tipo ‘acredite em mim, você me conhece e eu não preciso dizer o que vou fazer’. Basicamente, a gente não sabe quem vai ser o próximo ministro da Fazenda. A gente sabe que o PT e o Lula não gostam do teto de gastos, mas ninguém se deu ao trabalho de formular o que seria o substituto. A gente não sabe que tipo de reforma tributária o PT vai perseguir, se vai ou não tentar aprovar uma reforma administrativa. Pode ser que, neste contexto de uma eleição mais competitiva, a campanha resolva dar um pouco mais de especificidade a algumas das propostas. Ou não. Eu não espero que vão anunciar quem será o ministro da Fazenda", afirmou.
Analisando a eleição no Congresso, que terá uma base forte de direita/extrema-direita, o executivo diz que isso é bom para conter "propostas mais extremas e radicais, eventualmente vindo de um governo do PT".
"Seria bom que quem viesse a ser eleito tivesse governabilidade. Eu acho que, seja Bolsonaro, seja Lula, eles vão ser capazes de compor uma base política no Congresso, mas nenhum deles vai ser capaz de ter uma base política que seja muito estável ou muito fiável. Acho que, tendo um Congresso que funciona como uma barreira de contenção a propostas mais extremas e radicais, eventualmente vindo de um governo do PT, é bom. É algo que o mercado veria com bons olhos".