Na madrugada desta terça-feira (27), indígenas Avá-Guarani, localizados na Terra Indígena (TI) Tekoha Guasu Guavirá, no oeste do Paraná, foram atacados a tiros por fazendeiros, que utilizaram um método de caça de animais.
O ataque ocorreu às vésperas da segunda audiência da Comissão de Conciliação do Supremo Tribunal Federal (STF) para debater sobre a tese do Marco Temporal, que ameaça a vida dos povos indígenas.
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De acordo com os relatos dos moradores ao Conselho Indigenista Missionário (Cimi), a tática dos fazendeiros foi realizar disparos com espingardas durante a madrugada, quando a visibilidade é baixa. O método é usado na caça de javalis. Segundo informações, quatro pessoas foram atingidas pelos tiros e duas estão em estado grave. Os principais alvos foram jovens e mulheres.
A Força Nacional foi acionada. Porém, de acordo com fontes ouvidas pelo Cimi, os policiais demoraram para chegar e, mesmo com a presença dos oficiais, os ataques não cessaram. Os indígenas também relataram que os feridos só foram socorridos pela Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) na manhã desta quarta-feira (28).
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"O Conselho Indigenista Missionário (Cimi) Regional Sul repudia veementemente os ataques e as violências praticadas, de forma corriqueira, cruel e articulada pelos facínoras do agronegócio. Alguns são plantadores de soja e milho, mas se comportam como criminosos contumazes, sobre os quais as mãos da Justiça e das demais instituições públicas, federais e estaduais, não alcançam", manifestou a organização.
"Eles estão livres e se sentem autorizados a caçar indígenas como se animais fossem. Nada os afeta, nada os impede, nem mesmo os desembargadores e juízes que compõem o comitê de conciliação de conflitos da Justiça Federal, que andaram pelo Paraná buscando o apaziguamento dos ataques, foram respeitados. A resposta foi essa, atacar à noite pessoas indefesas e desarmadas", acrescentou.
Indígenas Avá-Guarani
Os indígenas Avá-Guarani doTekoha Y’Hovy estão situados no município de Guaíra, Terra Indígena (TI) Tekoha Guasu Guavirá, no oeste do estado do Paraná. A comunidade reivindica a demarcação de suas terras, que está paralisada desde 2020 e é alvo de diversos processos judiciais. Enquanto isso, os indígenas vivem uma realidade de frequentes ataques brutais de fazendeiros da região.
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