VIOLÊNCIA

Massacre em Gaza faz violência contra trabalhadores humanitários bater recorde

Número de mortes registradas em 2023 representa aumento de 137%; maioria ocorreu em territórios palestinos ocupados por Israel

Trabalhadora humanitária da Unrwa em Rafah, sul de Gaza.Créditos: Unrwa/Louise Wateridge
Escrito en DIREITOS el

Nesta segunda-feira (19), Dia Mundial da Ajuda Humanitária, a Organização das Nações Unidas (ONU) divulgou um comunicado em que condena a violência contra trabalhadores humanitários, que bateu recorde em 2023. 

De acordo com o órgão, somente no ano passado, 280 trabalhadores foram mortos em todo o mundo enquanto prestavam serviços de ajuda humanitária. O número representa aumento de 137% em relação a 2022, quando 118 pessoas foram mortas. 

A escalada na violência contra esses trabalhadores se deu principalmente devido à guerra na Faixa de Gaza, em que Israel promove um massacre contra o povo palestino e impede que ajuda humanitária chegue à região. Nos primeiros meses da guerra entre Hamas e Israel, 163 trabalhadores foram mortos

"A normalização da violência contra os trabalhadores humanitários e o fato de que ninguém pague por isso é inaceitável, inadmissível e extremamente perigoso para as operações humanitárias em todo o mundo", afirmou a  chefe interina do Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA), Joyce Msuya.

Em outro comunicado, o secretário-geral da ONU, António Guterres, declarou que "2023 foi o ano mais mortífero já registrado para o pessoal humanitário".

"Em Gaza, no Sudão e em muitos outros locais, os trabalhadores humanitários são atacados, mortos, feridos e raptados, juntamente com os civis que apoiam", disse. "O direito internacional humanitário – a lei que protege a população civil durante a guerra – está a ser ignorado e espezinhado", completou.

Os conflitos no Sudão e no Sudão do Sul foram os mais mortíferos para os trabalhadores humanitários depois de Gaza. Cerca de 25 e 34 pessoas morreram, respectivamente, nesses territórios desde abril de 2023.

Porém, apesar do número de 280 trabalhadores mortos em 2023 já ser alarmante, o cenário em 2024 pode ser "muito mais mortal", segundo a ONU. 

De acordo com o Aid Worker Security Database, entre 1° de janeiro e 9 de agosto deste ano, 176 trabalhadores humanitários morreram devido a conflitos. Do total, 121 deles nos territórios palestinos ocupados. 

"No Dia Mundial Humanitário, exigimos o fim dos ataques aos trabalhadores humanitários e a todos os civis. Exigimos que os governos exerçam pressão sobre todas as partes em conflito para protegerem os civis. Exigimos o fim das transferências de armas para exércitos e grupos que violam o direito internacional. Exigimos o fim da impunidade, para que os perpetradores enfrentem a justiça. Não basta celebrar os trabalhadores humanitários", finalizou o secretário-geral da ONU em seu comunicado. 

Dia Mundial da Ajuda Humanitária 

Celebrado no dia 19 de agosto, o Dia Mundial da Ajuda Humanitária foi criado em memória ao ataque à sede das Nações Unidas em Bagdá, no Iraque, em 2003. O atentado causou a morte de 22 trabalhadores humanitários. Entre as vítimas, estava o brasileiro Sérgio Vieira de Mello. Outras 150 pessoas ficaram feridas.