GENOCÍDIO

Podem ser 180 mil os mortos por Israel em Gaza, diz revista científica Lancet

Artigo publicado numa das principais revistas científicas do mundo mostra a terrível realidade de Gaza

Créditos: Divulgação
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Enquanto a mídia comercial discute se Biden está gagá ou não e qual dos dois decrépitos virá a ser o próximo presidente dos Estados Unidos, a guerra de ocupação e extermínio de Israel em Gaza prossegue, alheia às preocupações eleitorais dos EUA e às determinações  do Tribunal internacional de Justiça.

Uma publicação na prestigiosa revista científica britânica The Lancet lança novos números sobre o genocídio em Gaza.

Uma das maiores dificuldades numa guerra é a contagem de mortos. Ainda mais numa guerra de extermínio, quando são destruídas não somente as pessoas, mas suas casas, igrejas, edifícios, hospitais, escolas, postos de ajuda humanitária, como acontece em Gaza.

Como calcular o número de mortos sob os escombros, se Gaza é praticamente só escombros?

Como calcular também quantos estão morrendo de fome ou sem cuidados médicos? Como contar os corpos que foram levados nas escavações que recolheram terra para montar o porto improvisado em Gaza para as "ajudas humanitárias", sempre em número insuficiente?

O artigo faz esse levantamento, a partir de informes científicos:

Os conflitos armados têm implicações indiretas para a saúde, para além dos danos diretos da violência. Mesmo que o conflito termine imediatamente, continuará a haver muitas mortes indiretas nos próximos meses e anos devido a causas como doenças reprodutivas, transmissíveis e não transmissíveis. 

Prevê-se que o número total de mortos seja elevado, dada:

  • a intensidade deste conflito; 
  • infraestruturas de saúde destruídas; 
  • grave escassez de alimentos, água e abrigo; 
  • a incapacidade da população de fugir para locais seguros; 
  • e a perda de financiamento para a UNRWA, uma das poucas organizações humanitárias ainda ativas na Faixa de Gaza. 

Nos conflitos recentes, essas mortes indiretas variam entre três a 15 vezes o número de mortes diretas. 

Aplicando uma estimativa conservadora de quatro mortes indiretas por uma morte direta às 37 396 mortes notificadas, não é implausível estimar que até 186 000 ou até mais mortes possam ser atribuíveis ao atual conflito em Gaza

Utilizando a estimativa da população da Faixa de Gaza para 2022 de 2 375 259, isto se traduz em 7,9% da população total da Faixa de Gaza

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Como crianças são 40% da população de Gaza, o estudo mostra que mais de 72 mil crianças foram mortas por Israel. É toda a torcida que estava assistindo ontem ao jogo Colômbia e Uruguai pela Copa América: 70644.

O artigo de Rasha Khatib (Advocate Aurora Research Institute, Milwaukee, WI 53233, USA; Institute of Community and Public Health, Birzeit University, Birzeit, Palestine),Martin McKee (Department of Public Health and Policy, London School of Hygiene & Tropical Medicine, London, UK) e Salim Yusuf (The Population Health Research Institute, McMaster University and Hamilton Health Sciences, Hamilton, ON, Canada) conclui:

É essencial um cessar-fogo imediato e urgente na Faixa de Gaza, acompanhado de medidas que permitam a distribuição de suprimentos médicos, alimentos, água potável e outros recursos para as necessidades humanas básicas. Ao mesmo tempo, é necessário registrar a escala e a natureza do sofrimento neste conflito. Documentar a verdadeira escala é crucial para garantir a responsabilização histórica e reconhecer o custo total da guerra. Também é uma exigência legal. As medidas provisórias estabelecidas pelo Tribunal Internacional de Justiça em Janeiro de 2024, exigem que Israel “tome medidas eficazes para prevenir a destruição e garantir a preservação de provas relacionadas com alegações de atos no âmbito da… Convenção do Genocídio”. O Ministério da Saúde de Gaza é a única organização que conta os mortos. Além disso, estes dados serão cruciais para a recuperação pós-guerra, a restauração de infraestruturas e o planejamento da ajuda humanitária.