O jasmim usado para fazer perfumes das marcas de luxo da francesa Lancôme e da estadunidense Aerin Beauty são colhidos com trabalho infantil.
Os perfumes com jasmim são conhecidos por notas florais e são considerados "sofisticados e atraente". Agora, é possível incluir notas de violação de direitos de crianças.
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A denúncia foi feita pela BBC em reportagem que mostra que as cadeias de produção e fornecimento do jasmim usado pelos fornecedores das marcas Lancôme e Aerin Beauty foi colhido por menores de idade.
Todas as marcas de perfumes de luxo responderam que têm tolerância zero com o trabalho infantil. A L'Oréal, dona da Lancôme, assegurou seu compromisso com o respeito aos direitos humanos. A Estée Lauder, dona da Aerin Beauty, declarou que entrou em contato com seus fornecedores.
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O jasmim usado no perfume Idôle L'Intense, da Lancôme, e no Ikat Jasmine e Limone Di Sicilia, da Aerin Beauty, vem do Egito, responsável por cerca de metade da produção mundial de flores de jasmim, um ingrediente fundamental para os perfumes.
Redução de custos
As poucas empresas donas de diversas marcas de luxo estão reduzindo seus orçamentos, o que resulta em pagamentos muito baixos para remunerar a mão de obra envolvida nos processos. Os sistemas de auditoria usados pelas indústrias de perfume para verificar as cadeias de fornecimento apresentam falhas profundas.
Nesse contexto, os colhedores de jasmim do Egito afirmam que esta situação os força a envolver seus filhos na operação.
O relator especial da Organização das Nações Unidas (ONU) para formas de escravidão contemporânea, Tomoya Obokata, afirmou ter ficado preocupado com as evidências obtidas pela BBC, que incluem filmagens escondidas em campos de jasmim no Egito durante a estação de colheita do ano passado.
A maior parte dos colhedores de jasmim do Egito são "independentes" e trabalham em fazendas de pequeno porte. Quanto mais se colhe, mais se ganha e, nesse cenário, os filhos dos trabalhadores e trabalhadoras acabam participando da colheita. Muitos deles vivem abaixo da linha da pobreza.
Estima-se que há 30 mil pessoas envolvidas no setor de jasmim do Egito e não é preciso contar quantas são crianças.
Lucro acima de tudo
Companhias de perfume detêm todo o poder na colheita do jasmim. Definem o roteiro e um orçamento muito restrito para as casas de perfumaria para ter o óleo mais barato possível para colocar no frasco de fragrância e depois vendê-lo ao preço mais alto possível.
Mesmo sem definir diretamente o salário ou os ganhos dos colhedores, ou o preço real do jasmim o orçamento sempre de olho do lucro dessas empresas faz pressão sobre os salários respinga sobre as fábricas e, por fim, sobre os colhedores.
A sofisticação e atração desses perfumes é para quem tem dinheiro para pagar por eles. Os que precisam trabalhar para eles, sofrem condições como a do trabalho infantil.
No Brasil, é possível comprar, da Lancôme, dois perfumes que usam jasmin. O Idôle Eau de Parfum custa cerca de R$ 350 (50 ml) e o Trésor Eau de Parfum sai por aproximadamente R$ 420 (100 ml).
Da Aerin Beauty, há duas fragrâncias com jasmim. Tanto o Aerin Lilac Path quanto o Aerin Ikat Jasmine saem por cerca de R$ 850 (100 ml).
Esses perfumes são conhecidos por suas notas de jasmim, que proporcionam um aroma floral sofisticado e atraente. Eles estão disponíveis em várias lojas no Brasil, e os preços podem variar de acordo com o ponto de venda e as promoções vigentes.
Propaganda enganosa
No material promocional, essas empresas e as casas de perfumaria pintam um quadro de ética nas práticas de suprimento. Cada empregador do mercado também assinou uma carta compromisso com as Nações Unidas, prometendo respeitar suas orientações sobre as práticas seguras de trabalho e eliminar o trabalho infantil.
Não é de hoje que a indústria de perfumes está envolvida em polêmicas. Até um dia desses a regra era realizar testes em animais para avaliar a segurança de seus produtos. Isso gerou controvérsia e levou a um movimento crescente em direção à proibição desses testes.
Alguns perfumes contêm ingredientes sintéticos ou naturais que foram associados a questões de saúde ou ambientais. Por exemplo, o uso de ftalatos, que são considerados disruptores endócrinos, gerou preocupações sobre possíveis efeitos adversos à saúde.
Certos ingredientes de perfumes podem desencadear reações alérgicas em algumas pessoas. Isso levou a debates sobre a transparência na rotulagem dos produtos e à necessidade de regulamentações mais rigorosas.
A produção em larga escala de perfumes pode ter um impacto significativo no meio ambiente, desde a extração de matérias-primas até a eliminação de resíduos. Questões como o uso sustentável de recursos naturais, a pegada de carbono e a poluição da água são consideradas preocupações importantes.
Algumas campanhas publicitárias de perfumes foram criticadas por perpetuar estereótipos de gênero, objetificação sexual ou representações culturais insensíveis. Isso levou a discussões sobre responsabilidade social corporativa e diversidade na indústria da beleza.