No Brasil, as mulheres ganham 19,4% a menos do que os homens, de acordo com o 1º Relatório de Transparência Salarial, apresentado, nesta segunda-feira (25), pelos ministérios das Mulheres e do Trabalho e Emprego (MTE).
Alvo de críticas por algumas empresas, o relatório foi uma política adotada pelo governo Lula para fiscalizar a desigualdade salárial entre homens e mulheres no mercado de trabalho. Segundo a nova lei, empresas com 100 ou mais funcionários tiveram que divulgar seus dados.
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Ao todo, 49.587 empresas responderam ao relatório, que também mostrou que a diferença de remuneração em cargos de dirigentes e gerentes chega a 25,2%.
A pesquisa também analisou recorte por raça, que evidenciou a articulação entre o machismo e o racismo na sociedade brasileira. Segundo o documento, as mulheres negras, além de estarem em menor número no mercado de trabalho, também recebem quase 50% a menos do que as mulheres brancas. Enquanto a remuneração média da mulher negra é de R$ 3.040,89, a da não negra é de R$ 4.552,45, diferença de 49,7%.
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"De forma inédita, o relatório contém informações que indicam se as empresas têm políticas efetivas de incentivo à contratação de mulheres, como flexibilização do regime de trabalho para apoio à parentalidade, entre outros critérios vistos como de incentivo à entrada, permanência e ascensão profissional das mulheres", ressaltou o governo federal.
Políticas de diversidade
O levantamento também analisou outras políticas adotadas pelas empresas para a promoção de mulheres negras, LGBTs, pessoas com deficiência e vítimas de violência.
Os dados mostraram que apenas 26,4% adotam incentivos para contratação de mulheres negras. Além disso, somente 20,6% possuem políticas de incentivo à contratação de mulheres LGBTQIAP+, 23,3% de incentivo ao ingresso de mulheres com deficiência e 5,4% têm programas específicos de incentivo à contratação de mulheres vítimas de violência. Poucas empresas ainda adotam políticas como licença maternidade/paternidade estendida (17,7%) e auxílio-creche (21,4%).
Estados
O Piauí é o estado com a menor desigualdade salarial entre homens e mulheres: 6,3%. No estado, a remuneração média é de R$ 2.916,76 para os homens e R$ 2.732,21 para as mulheres.
Em seguida, vem Sergipe (7,1%) e Distrito Federal (8%). No estado nordestino, a remuneração média é de R$ 2.836,12 para as mulheres e R$ 3.053,14 para os homens. No DF, onde há a maior remuneração do país, eles recebem R$ 6.569,71, e elas, R$ 6.045,01.
Já o estado com a maior desigualdade salarial é Espírito Santo, onde as mulheres recebem 35,1% menos do que os homens. Na sequência, aparecem Paraná (66,2%), Mato Grosso do Sul (67,4%) e Mato Grosso (68,6%).
Reação das empresas ao relatório
Em fevereiro, a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, revelou que empresas queriam acionar a Justiça contra o Relatório da Igualdade Salarial.
Já em março, as Confederações Nacionais da Indústria e do Comércio (CNI e CNC) acionaram o Supremo Tribunal Federal (STF) contra a lei de igualdade salarial. Um dos pontos questionados era justamente a divulgação do relatório. As organizações alegaram que havia risco de divulgação de dados individualizados, o que violaria o direito à privacidade.