As mulheres, executando o mesmo trabalho que os homens, recebem entre 78% (nível médio) e 93% (nível superior) da remuneração deles na Petrobras, a maior empresa do país. Os dados foram divulgados no relatório do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese/seção Federação Única dos Petroleiros - FUP), nesta sexta-feira (8), Dia Internacional das Mulheres.
O levantamento também mostra que a presença feminina na Petrobras é baixa, o que a coloca como a empresa de petróleo e gás que menos emprega mulheres. No total, são apenas 17% das trabalhadoras. Em cargos de chefia, elas são 19,4%.
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“A nova gestão da Petrobrás precisa ampliar a presença feminina na composição de sua força de trabalho. Quando comparamos com outras petroleiras pelo mundo, a presença feminina é bem maior (39% no caso da BP), e nos cargos de chefia 55%, também na BP", afirma o economista do Dieese, Cloviomar Cararine.
"Além disso, há o desafio de igualar as condições salariais. Uma trabalhadora na Petrobrás, em cargo de nível médio, recebe em média, 22% menos que os homens”, acrescenta o economista.
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Presença feminina na FUP
Desde a sua fundação, em 1994, a Federação Única dos Petroleiros (FUP) tinha apenas uma mulher titular na sua diretoria. O cenário mudou em 2017, quando o congresso da entidade aprovou a aplicação de cota mínima para as trabalhadoras, garantindo oito vagas para as mulheres petroleiras no mandato de 2017-2020, o que representou 22% da composição da diretoria e do conselho fiscal da federação.
No XIX Congresso Nacional da FUP, realizado em agosto de 2023, as mulheres petroleiras alcançaram o percentual inédito de 25% de representação na diretoria colegiada da federação, garantindo nove vagas, entre titulares e suplentes. Com isso, elas dobraram a participação na titularidade da diretoria da FUP, que passou a ter quatro petroleiras, duas a mais em relação à composição da gestão anterior.
“O avanço da representação feminina nas diretorias dos sindicatos e da FUP está diretamente relacionado às conquistas das mulheres nos Acordos Coletivos de Trabalho”, lembra Patrícia de Jesus, diretora de comunicação da FUP, vice-coordenadora do Sindipetro-ES e coordenadora do Coletivo de Mulheres da federação.
Soma-se a isso o fato histórico de mulheres petroleiras comandarem hoje três grandes sindicatos da FUP: Elisabete Sacramento, que assumiu em agosto de 2023 a coordenação-geral do Sindipetro Bahia; Cibele Vieira, eleita em junho de 2023 a nova coordenadora do Sindipetro Unificado do Estado de São Paulo; e Miriam Cabreira, que preside desde fevereiro de 2022 o Sindipetro Rio Grande do Sul.
A presença da mulher petroleira, embora única, também se expressa no Conselho de Administração da Petrobrás, onde tem assento a representante dos empregados Rosângela Buzanelli, eleita e reeleita pelos trabalhadores.