ESCRAVIDÃO

PF identifica organização criminosa que recrutava trabalho escravo para vinícolas gaúchas

Operação na Serra Gaúcha, onde estão as vinícolas Salton Garibaldi e Aurora, apreendeu armas e identificou seis pessoas da organização. Militar estaria envolvido no crime.

Armas apreendidas pela PF em operação contra trabalho escravo em vinícolas do RS.Créditos: Divulgação/DPF
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A Polícia Federal identificou seis pessoas que estariam envolvidas em uma suposta organização criminosa para recrutar trabalhadores para atuar em regime análogo à escravidão nas vinícolas Garibaldi, Aurora e Salton, no Rio Grande do Sul.

Na manhã desta sexta-feira (17), a PF desencadeou a Operação Descaro na Serra Gaúcha, onde se concentram as vinícolas, e cumpriu sete mandados de busca e apreensão nas cidades de Bento Gonçalves e Garibaldi. Na ação foram apreendidas armas e munições.

"O objetivo é aprofundar as investigações e coletar novos elementos de prova para esclarecimento dos fatos ocorridos em 22 de fevereiro, quando 207 vítimas submetidas à condição análoga a de escravo foram resgatadas. Um dos mandados é acompanhado pela Corregedoria da Brigada Militar", informou a PF, destacando o envolvimento de policiais no crime.

Segundo a polícia federal, seis pessoas que são alvos do mandado de busca e apreensão "possivelmente integrem uma organização criminosa voltada à prática do crime de submissão ao trabalho escravo".

Segundo as investigações, esses trabalhadores eram recrutados em outros estados, principalmente na Bahia, por uma empresa prestadora de serviços e levadas para a região.

"Os relatos indicam que as vítimas resgatadas estavam sem receber salários, contraiam dívidas com juros abusivos e tinham a sua liberdade de locomoção restringida, além de sofrerem agressões físicas".

Acordo de cooperação

Na manhã desta sexta-feira, procurador-geral do trabalho, José de Lima Ramos Pereira, vai assinar, junto com o governador do Estado, Eduardo Leite, um acordo de cooperação interinstitucional entre o Ministério Público do Trabalho e o Governo do RS para o combate ao trabalho em circunstâncias análogas à escravidão.

O acordo inclui compartilhamento de informações e de recursos humanos, dentro das atribuições de cada instituição, para pôr em prática planos de ação visando à erradicação do trabalho em condições análogas às de escravo e do tráfico de pessoas.