Em janeiro de 2022, pescadores italianos identificaram, no fundo do mar de Siracusa, na costa jônica da Sicília, uma embarcação afundada e muito bem conservada, a cerca de 70 metros de profundidade no subsolo marinho.
Pesquisadores, então, passaram a empregar a técnica de fotogametria em 3D — a modelagem digital feita a partir de fotografias sobrepostas, usada para criar mapas topográficos e desenhos baseados no mundo real — para identificar o naufrágio.
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Durante as pesquisas, eles descobriram que o navio correspondia a um antigo modelo romano, que teria servido ao transporte de mercadorias no intenso comércio marítimo do Mediterrâneo. Sua idade foi estimada em cerca de dois mil anos.
De acordo com a Superintendência Nacional do Patrimônio Cultural Subaquático italiana, novas descobertas do navio, que envolveram mergulhos subaquáticos de exploração na região de Siracusa, revelaram partes de sua carga, que permanecia intacta no fundo do mar.
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Foram encontrados nele ânforas (recipientes de formato oval, frequentemente usados para o transporte de líquidos e outras cargas) do tipo Richborough 527, conhecidas por seus tons esverdeados e composição de vidro vulcânico, e produzidas nas Ilhas Eólias da Itália, no Mediterrâneo Ocidental, entre os séculos 1 e 3 d.C.
Isso indica que o navio pode ter servido para o transporte comercial em rotas do Mediterrâneo a partir do arquipélago, e teria, muito provavelmente, transportado alúmen, um mineral composto de sulfato de alumínio e potássio ou amoníaco, usado como antisséptico, fixador de tinturas em materiais têxteis e cicatrizante.
Com depósitos minerais abundantes no arquipélago italiano, o composto teve grande importância econômica durante a Idade Média e o Renascimento, no tingimento de tecidos e para propósitos médicos.
Foram encontradas, ao todo, cerca de 40 ânforas robustas como cargas do navio, usadas para o transporte de bens.
Análises posteriores ainda precisam confirmar a datação exata dos recipientes, mas acredita-se que provenham da Era Augusta, entre 27 a.C. e 14 d.C., quando governou o imperador Augusto, primeiro imperador romano, que marcou a transição da República para o Império e o período da Pax Romana, momento de prosperidade política e cultural e de ampliação dos laços de comércio mediterrâneos.