Um artigo publicado no periódico Geology, liderado por pesquisadores da Universidade de Marselha, na França, conta a descoberta de vestígios de contaminação por cobre no porto de Wadi al-Jarf, que esteve ativo durante a construção da Pirâmide de Quéops, no Egito.
Também conhecida como a Grande Pirâmide de Gizé, ela é a maior e mais antiga na Necrópole de Gizé, considerada uma das Sete Maravilhas do Mundo e construída como túmulo para o faraó Quéops, que reinou durante a Quarta Dinastia egípcia [2.560 a.C. a 2.494 a.C.]. A pirâmide foi uma das que permaneceram mais conservadas ao longo dos anos, e hipóteses acerca de sua construção sugerem que foi erguida a partir de grandes pedras transportadas ali de uma pedreira pelos trabalhadores do sítio.
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De acordo com os pesquisadores, análises de solo feitas na região portuária de Quéops determinaram traços antigos de contaminação por cobre (datados de até 3.265 a.C.).
O cobre, quando acumulado em grandes quantidades, pode contaminar o solo, a água e o ar, afetando a microbiota do solo, causando a bioacumulação em cadeias alimentares e, no caso de exposição humana, ocasionando distúrbios físicos, como náuseas e vômito, danos no fígado e nos rins e disfunções metabólicas.
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O cobre descoberto na região esteve associado, provavelmente, à produção extensiva de ferramentas para auxiliar nas atividades de construção, como lâminas e brocas.
"Embora a construção da Necrópole de Gizé tenha exigido a criação de uma ampla gama de ferramentas de metal, a importância dessas primeiras formas de metalurgia e a contaminação que deixaram foram negligenciadas em favor da compreensão acerca das técnicas de construção das pirâmides", diz o estudo.
A contaminação teve seu pico, segundo as análises do solo, durante os reinados de Khufu (Quéops), Khafre (Quéfren) e Menkaure (Miquerinos), todos governantes da Quarta Dinastia do Egito Antigo, notam os pesquisadores, durante um período de metalurgia avançada e intensa construção de edifícios no Egito.
"Embora a construção do complexo [de pirâmides] tenha levado à criação de um legado cultural notável para a humanidade, ele também marcou o início de uma contaminação significativa por metais causada pelo homem em Gizé."
As análises do solo permitiram retraçar o início da contaminação a aproximadamente 3.265 a.C., o que significa que o território pode ter sido ocupado pelo menos 200 anos mais cedo do que se pensava.
Tendo atingido seu pico aproximadamente em 2.515 a.C., a contaminação por níveis até cinco vezes superiores de cobre em relação aos naturais (que costumam variar entre 5 e 50mg/kg) "desapareceu" após 750 anos, em cerca de 100 a.C.
Isso indica que, durante a construção do grande complexo de pirâmides egípcias, os trabalhadores egípcios podem ter sofrido os efeitos nocivos da exposição às altas concentrações do metal.