Estudo analisa crânio de fera ‘hipercarnívora’ de 30 milhões de anos descoberto no Egito

O crânio encontrado, que data de 30 milhões de anos, pertenceu a um animal que pesava cerca de 27 kg, se alimentava quase exclusivamente de carne e tinha dentes cortantes e músculos bucais fortes

Imagem ilustrativa - Hyaenodon.Créditos: Wikipedia
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Em estudo publicado nesta segunda-feira (17) no periódico Journal of Vertebrate Paleontology, pesquisadores do Centro de Paleontologia da Universidade de Mansoura, no Egito, descrevem a descoberta de um crânio, datado do Oligoceno Inferior (parte da Era Cenozoica, que se deu há aproximadamente 33,9 milhões de anos), na Formação Jebel Qatrani, no Egito, conhecida por abrigar fósseis de vertebrados e mamíferos. 

O crânio descoberto pertence a uma espécie de hiena, Hyaenodonta, uma linhagem já extinta cujos reminiscentes foram preservados na Depressão de Fayum, localizada na Formação Jebel Qatrani. Ali foram encontrados os registros fósseis mais completos do Oligoceno Inferior, e o crânio descrito no estudo, liderado por Shorouq F. Al-Ashqar, tinha toda a fileira de dentes superiores preservadas.

Eles demonstram a propensão a uma "dieta hipercarnívora" e "músculos de mastigação fortes", e ajudam a retraçar a árvore filogenética desse grupo de feras.

As análises do crânio recuperado podem "esclarecer a história biogeográfica do clado que inclui os Pterodon [gênero extinto de mamíferos carnívoros da família Hyaenodontidae], revelando suas múltiplas dispersões ao longo do Mar de Tétis durante o Paleógeno, seguidas de sua presença endêmica [em regiões da] Eurásia e Afro-Arábia", explicam os pesquisadores. 

O crânio, que havia sido descoberto em 2020, é descrito no estudo como pertencente a uma nova espécie de hienaodonte, Bastetodon syrtos, que anteriormente fora classificada como pertencente ao grupo dos Pterodon syrtos

Agora, a classificação filogenética foi alterada. A espécie de Bastetodon é diferente dos Pterodon, e pertence a um grupo africano relacionado. Enquanto os Bastetodon syrtos possuem um padrão dentário reduzido, com três pré-molares e dois molares, além de um crânio mais robusto, os Pterodon têm uma dentição mais completa e um neurocrânio mais curto. 

Reconstrução de espécie de Hyaenodontidae descoberta com fragmento de crânio. Créditos: Shorouq F. Al-Ashqar et al.

O crânio encontrado, que tem aproximadamente o tamanho de uma hiena, pertenceu a um animal que pesava cerca de 27 kg e era altamente carnívoro, com dentes cortantes e músculos bucais fortes. Ele se alimentava quase exclusivamente de carne, e seus modos de vida sugeriam um estilo de predação similar ao das hienas e grandes felinos modernos. 

Na região do Fayum, em que outros fragmentos fósseis já foram encontrados — dentre eles, primatas, roedores e outros grandes mamíferos herbívoros —, havia uma zona de florestas abertas, marcadas por clima semiárido, em que a espécie provavelmente vivia em bandos, caçando em grupos, como é o caso das hienas modernas.

Os pesquisadores apontam que esta foi uma descoberta rara, já que os fósseis desses espécimes mamíferos costumam ser encontrados muito incompletos, e os ecossistemas costumam ter uma presença maior de herbívoros do que de carnívoros. 

Acredita-se, além disso, que os Bastetodon podem ter predado primatas ancestrais parentes dos humanos, elefantes e hipopótamos primitivos.

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