CULTURA

Concurso oferece prêmio de US$ 1 milhão para quem desvendar este mistério centenário

Há cerca de 2500 a.C., uma civilização viveu seu ápice e decaiu, eventualmente desaparecendo. Mas as marcas que deixou continuam indecifráveis, e pesquisadores têm tentado, há cem anos, entendê-las

Ruínas escavadas de Mohenjo-daro.Créditos: Saqib Qayyum
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O governo de Tamil Nadu, no sul da Índia, lançou um concurso público com um enorme prêmio em dinheiro para qualquer pessoa que consiga decifrar um sistema de escrita antigo, nascido em uma das mais enigmáticas civilizações de que se tem registros hoje.

Há cerca de 5 mil anos, o Rio Indo, um dos mais longos rios da Ásia (com cerca de 3.180 km de extensão), que atravessa o Paquistão até desaguar no mar da Arábia, circundava uma civilização formada por fazendeiros e comerciantes, reconhecida como uma das primeiras civilizações a desenvolver uma organização urbana no mundo. 

De acordo com a revista Smithsonian, os habitantes das margens do Rio Indo migraram de grandes cidades, com populações de até 80 mil pessoas, e se dispersaram em aldeias da região no sopé do Himalaia, por onde corre o grande corpo fluvial, no Vale do Indo. 

Há cerca de 2500 a.C., a Civilização do Vale do Indo viveu seu ápice e decaiu, eventualmente desaparecendo. Mas ela deixou marcas e resquícios de que um dia esteve ali. Alguns desses restos de civilização são procurados e estudados até hoje, e formam sítios arqueológicos que permaneceram por séculos como mistérios para seus pesquisadores. 

Muitos dos registros escritos deixados pelos moradores do Vale ainda são códigos impossíveis de decifrar, e a sociedade, seus modos de vida e seu desaparecimento completo permanecem incertos. 

"A razão por trás da sua morte permanece um mistério, assim como as regras e crenças da sociedade, todas possivelmente escondidas por trás de sua linguagem ainda a ser decifrada", diz um artigo do My Modern Met reproduzido pela revista. 

Agora, o concurso lançado pelo estado de Tamil Nadu se dedica a buscar por evidências do que pode ter sido a sociedade urbana do Vale do Indo, porque, até hoje, não se foi capaz de "entender claramente seu sistema de escrita". Há quase 100 anos, os arqueólogos que se dedicaram a estudá-lo falharam, afirmou o ministro-chefe do estado, M. K. Stalin.

Fragmento encontrado no Vale do Indo, com vários sinais acima de uma figura semelhante a um unicórnio e um objeto não identificado. Créditos: Ismoon via Wikimedia Commons.

O prêmio oferecido é de nada mais, nada menos que US$ 1 milhão. 

Qualquer pessoa que consiga decifrar, através dos quase 15 mil fragmentos de objetos (como potes) marcados com a escrita antiga daquele povo, feita em grafite, hoje dispostos entre 140 sítios arqueológicos dispersos no Vale, pode ficar milionária. 

De acordo com o veículo Indian Express, os pesquisadores já conseguiram notar que pelo menos 60% dos sinais, quando comparados aos mais de 4 mil exemplos de escrita antiga, compartilham paralelos e até 90% de similaridades

Acredita-se que os escritos sejam melhor descritos a partir de uma "linguagem morfológica", não necessariamente de métodos da linguística, já que são formados por inscrições curtas de símbolos. 

Além disso, espera-se que, usando as ferramentas da ciência da computação, seja possível averiguar um grande conjunto de dados formados pelas inscrições e seus diferentes símbolos até chegar a um padrão proveitoso e possível de ser decifrado. 

Mas o processo permanece em disputa.

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