Um estudo arqueológico liderado por um pesquisador da Universidade de Szeged, na Hungria, foi capaz de identificar o primeiro corpo feminino a ser enterrado junto a armamentos no século 10 d.C.
A descoberta do corpo foi feita na Bacia dos Cárpatos, a segunda cadeia de montanhas mais longa da Europa, região habitada no primeiro milênio d.C. por uma tribo da região de Dácia.
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Os Cárpatos, localizados na região central da Europa e estendendo-se por Romênia, Ucrânia, Hungria, Eslováquia e Polônia, têm uma formação geológica despadronizada, com montanhas descontínuas que abrigam nascentes dos rios que formam os principais corpos hídricos da Europa.
O professor doutor Balázs Tihanyi, que liderou a pesquisa, escreve em artigo na revista PLoS ONE que o indivíduo descoberto ali, catalogado como SH-63, foi encontrado dentro do cemitério Sárrétudvari-Hízóföld, o maior cemitério húngaro do século 10 d.C.
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O corpo, identificado como de anatomia feminina, foi enterrado junto a itens "simples", como um ornamento de cabelo de prata, três botões de sino, um colar de contas de pedra e vidro — e, o mais inusitado: uma ponta de flecha cortante e afiada, partes de uma aljava de ferro e uma armadura corporal de chifre.
CC BY 4.0 / PLoS ONE/Tihanyi B, Maár K, Kis L, Gîngu?a A, Varga GIB, Kovács B, et al. (2024) (cropped photo)
Os pesquisadores explicam que, no cemitério em que a descoberta foi feita, é comum encontrar bens funerários dessa espécie enterrados junto aos corpos, mas uma análise genética e morfológica revelou que, ao contrário das amostras normais, aquele era um esqueleto feminino, o que a tornou a primeira mulher conhecida a ser enterrada com armas, afirmam eles, em toda a Bacia dos Cárpatos, datando do século 10 a.C.
Outros sinais de que aquele cadáver deve ter vivido uma vida mais ativa são as marcas de perda de massa óssea (osteopenia) e três traumas identificados nos ossos dos membros superiores, que devem ter sido resultados de uma queda sobre o braço ou sobre o ombro, diz a pesquisa.
Essas lesões nunca foram totalmente cicatrizadas, e por isso foi possível revelá-las na análise.
Os ligamentos de ossos e músculos da mulher encontrada também pareciam sinalizar possíveis atividades de batalha e de controle de equinos, embora os pesquisadores não afirmem com certeza que se tratava de uma mulher guerreira.
É necessário fazer "investigações adicionais, incluindo análises comparativas com outras sepulturas no cemitério", afirma o pesquisador principal do estudo à PLoS ONE. Mas é, com certeza, uma "combinação única de características" encontrada no enterro.
Uma outra diferença avistada nesse corpo foi sua posição, curvada e em disposição lateral, como mostra a imagem abaixo.
CC BY 4.0 / PLoS ONE/Tihanyi B, Maár K, Kis L, Gîngu?a A, Varga GIB, Kovács B, et al. (2024) (cropped photo)