ARQUEOLOGIA

Guerreira que viveu há mil anos é descoberta em túmulo na Hungria

A descoberta do corpo foi feita na Bacia dos Cárpatos, a segunda cadeia de montanhas mais longa da Europa; o corpo, identificado como de anatomia feminina, foi enterrado junto a um conjunto completo armamentos

Silhueta do esqueleto de SH-63.Créditos: PLoS ONE
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Um estudo arqueológico liderado por um pesquisador da Universidade de Szeged, na Hungria, foi capaz de identificar o primeiro corpo feminino a ser enterrado junto a armamentos no século 10 d.C

A descoberta do corpo foi feita na Bacia dos Cárpatos, a segunda cadeia de montanhas mais longa da Europa, região habitada no primeiro milênio d.C. por uma tribo da região de Dácia. 

Os Cárpatos, localizados na região central da Europa e estendendo-se por Romênia, Ucrânia, Hungria, Eslováquia e Polônia, têm uma formação geológica despadronizada, com montanhas descontínuas que abrigam nascentes dos rios que formam os principais corpos hídricos da Europa. 

O professor doutor Balázs Tihanyi, que liderou a pesquisa, escreve em artigo na revista PLoS ONE que o indivíduo descoberto ali, catalogado como SH-63, foi encontrado dentro do cemitério Sárrétudvari-Hízóföld, o maior cemitério húngaro do século 10 d.C. 

O corpo, identificado como de anatomia feminina, foi enterrado junto a itens "simples", como um ornamento de cabelo de prata, três botões de sino, um colar de contas de pedra e vidro — e, o mais inusitado: uma ponta de flecha cortante e afiada, partes de uma aljava de ferro e uma armadura corporal de chifre. 

Artefatos encontrados na sepultura nº 63: 1) ponta de flecha; 2) botão de sino; 3) anel de cabelo penanular de prata; 4) um colar de contas; 5) fragmentos de botões de sino; e 6) placa de arco de chifre (fotos tiradas por Zoltán Faur e editadas por Luca Kis)
CC BY 4.0 / PLoS ONE/Tihanyi B, Maár K, Kis L, Gîngu?a A, Varga GIB, Kovács B, et al. (2024) (cropped photo)

Os pesquisadores explicam que, no cemitério em que a descoberta foi feita, é comum encontrar bens funerários dessa espécie enterrados junto aos corpos, mas uma análise genética e morfológica revelou que, ao contrário das amostras normais, aquele era um esqueleto feminino, o que a tornou a primeira mulher conhecida a ser enterrada com armas, afirmam eles, em toda a Bacia dos Cárpatos, datando do século 10 a.C. 

Outros sinais de que aquele cadáver deve ter vivido uma vida mais ativa são as marcas de perda de massa óssea (osteopenia) e três traumas identificados nos ossos dos membros superiores, que devem ter sido resultados de uma queda sobre o braço ou sobre o ombro, diz a pesquisa. 

Essas lesões nunca foram totalmente cicatrizadas, e por isso foi possível revelá-las na análise.

Os ligamentos de ossos e músculos da mulher encontrada também pareciam sinalizar possíveis atividades de batalha e de controle de equinos, embora os pesquisadores não afirmem com certeza que se tratava de uma mulher guerreira. 

É necessário fazer "investigações adicionais, incluindo análises comparativas com outras sepulturas no cemitério", afirma o pesquisador principal do estudo à PLoS ONE. Mas é, com certeza, uma "combinação única de características" encontrada no enterro.

Uma outra diferença avistada nesse corpo foi sua posição, curvada e em disposição lateral, como mostra a imagem abaixo.

A) Silhueta do esqueleto de SH-63 (desenho de Luca Kis baseado no desenho de campo original de Ibolya M. Nepper); B) Ilustração de Luca Kis do sepultamento baseada em dados arqueológicos, antropológicos e arqueogenéticos
CC BY 4.0 / PLoS ONE/Tihanyi B, Maár K, Kis L, Gîngu?a A, Varga GIB, Kovács B, et al. (2024) (cropped photo) 

 

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