MEMÓRIA

Anielle Franco se emociona ao ver mãe no desfile da Portela: “Marielle vive em nós”

Enredo da escola levou forte debate social e político para o Carnaval, onde mães protestaram por memória e justiça pelos filhos brutalmente assassinados

Marinete da Silva, mãe de Marielle e Anielle Franco.Créditos: Mídia Ninja
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"Marielle vive em nós! Que emoção ver minha mãe e tantas outras mulheres que também perderam seus filhos homenageadas por esse enredo da Portela, tendo suas lutas representadas na Sapucaí. Seguiremos daqui honrando sempre a memória e legado da Mari", escreveu emocionada a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, no X, antigo Twitter.

No segundo dia de desfile no Rio, a Portela teve um dos carros mais comoventes, protagonizado pela advogada Marinete da Silva, de 71 anos, mãe da vereadora Marielle Franco, brutalmente assassinada em 2018 no Rio de Janeiro. A escola de samba encerrou sua apresentação prestando uma homenagem às mães das vítimas da violência no Rio com um enredo antirracista.

Um total de 16 mulheres estava no último carro, incluindo Marinete Franco, mãe da vereadora Marielle Franco; Ana Paula Oliveira, mãe de Jhonata Oliveira, assassinado em 2014; e Jackeline Oliveira, mãe de Kathlen Romeu, que estava grávida e foi assassinada por forças policiais em 2021. Todas elas carregavam camisetas com fotos de seus filhos durante o desfile na Sapucaí em protesto por justiçamemória.

Marinete participou do desfile em um dos carros alegóricos da Portela, exibindo um pano com a frase "Marielle Vive". O desfile da escola de samba de Osvaldo Cruz, localizada na zona norte do Rio de Janeiro, apresentou todo o seu enredo no livro "Um Defeito de Cor", escrito por Ana Maria Gonçalves.

Samba-enredo baseado em livro e histórias reais

No enredo da Portela, Luís Gama, renomado advogado e abolicionista do século 19, enaltece a trajetória de luta da mãe. Originária da África e escravizada ainda na infância, Kehinde adquiriu sua liberdade e participou de revoltas que deixaram um legado significativo para o povo negro no Brasil.

“A maioria dos carnavalescos é branca. E ao falarem da história do povo negro no Brasil, muitos acabavam apresentando questões muito estereotipadas. Eu, como mulher negra, estava extremamente cansada de ver apenas sofrimento na avenida. Ao se falar de escravidão ou de negro, só a parte ruim se destacava. Era navio negreiro, chicotada, castigo. E a gente tem muito mais a apresentar e a falar da nossa história”, afirmou Gonçalves em uma entrevista recente.