ENREDO ANTIRRACISTA

Marielle, Kathlen Romeu, Jhonata: mães das vítimas da violência arrepiam a Sapucaí

Em tributo emocionante no carro da Portela, mães fizeram protesto por memória e justiça pelos seus filhos brutalmente assassinados

Mães de Kathlen Romeu e Marielle Franco em carro da Portela.Créditos: Reprodução de vídeo/TV Globo
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No desfile da Portela, um dos carros mais comoventes provocou lágrimas no público, sendo protagonizado pela advogada Marinete da Silva, de 71 anos, mãe da vereadora Marielle Franco, brutalmente assassinada em 2018 no Rio de Janeiro. Segundo ela, “é uma maneira de homenagearmos nossos filhos”.

A escola, que foi a segunda a desfilar nesta segunda-feira (12), encerrou sua apresentação prestando uma homenagem às mães das vítimas da violência no Rio. Um total de 16 mulheres estava no último carro, incluindo Marinete Franco, mãe da vereadora Marielle Franco; Ana Paula Oliveira, mãe de Jhonata Oliveira, assassinado em 2014; e Jackeline Oliveira, mãe de Kathlen Romeu, que estava grávida e foi assassinada por forças policiais em 2021. Todas elas carregavam camisetas com fotos de seus filhos durante o desfile na Sapucaí em protesto por justiça e  memória.

Thaís Gomes, coordenadora do Observatório das Favelas, foi responsável por organizar a presença das mães no desfile. O samba-enredo da Portela foi baseado no livro de Ana Maria Gonçalves “Um Defeito de Cor”, onde Luís Gama, renomado advogado e abolicionista do século 19, enaltece a trajetória de luta da mãe. Originária da África e escravizada ainda na infância, Kehinde adquiriu sua liberdade e participou de revoltas que deixaram um legado significativo para o povo negro no Brasil. O desfile da escola de samba carioca na Sapucaí ofereceu uma nova abordagem da história.

No livro, Kehinde adota o nome Luísa quando chega ao Brasil, onde enfrenta uma série de eventos traumáticos, incluindo sequestro, escravidão, violência, estupro e morte. Com esse enredo, a escola de samba azul e branca de Oswaldo Cruz trouxe para a Avenida uma forte reflexão sobre o racismo estrutural no país. “Como a personagem, elas também são incansáveis. Lutam por seus filhos, pela memória deles, por justiça e pelo fim da violência”, afirmou a organizadora em uma entrevista ao jornal O Globo.

Personalidades como o ministro da Igualdade Racial, Silvio de Almeida, que desfilou no abre-alas, até os aclamados atores Tais Araújo e Lázaro Ramos, também marcaram presença, assim como a escritora Conceição Evaristo e a baluarte da escola Vilma Nascimento. Em novembro passado, a porta-bandeira foi vítima de discriminação racial em uma loja de um aeroporto em Brasília, quando retornava de uma premiação na capital do país. 

A performance da Portela mostrou mais uma vez que o Carnaval é espaço de expressão cultural, política e social, empregando a arte como ferramenta para discutir questões fundamentais como o antirracismo. Pelas redes sociais, usuários do X, antigo Twitter, comentaram sobre o desfile da escola de samba e destacaram o quão assertivo, necessário e profundo foi o tema deste ano. Veja: