Os maiores blocos que desfilam no Carnaval de rua de São Paulo soltaram nota nesta quarta (31), em que acusam a gestão de Ricardo Nunes (MDB) de omissão na organização dos cortejos. A mensagem acusa também a prefeitura de permitir uma "intervenção desproporcional e inadequada" da Polícia Militar (PM) na condução dos festejos.
Os megablocos afirmam na nota estarem preocupados com o "risco iminente de um caos organizacional e um inédito cenário de repressão policial" durante a celebração.
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A nota foi divulgada após a informação de que a prefeitura registrou 118 cancelamentos de desfiles que estavam previstos nas vias da cidade neste ano.
O que diz a prefeitura
A Prefeitura de SP, por sua vez, diz que a Secretaria Municipal das Subprefeituras tem realizado "reuniões constantes com os organizadores dos blocos nas 32 subprefeituras da cidade desde dezembro, em conjunto com todos os órgãos envolvidos em sua realização, como PM e GCM [Guarda Civil Metropolitana]".
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"Todos os trajetos foram analisados em conjunto com a Comissão Especial do evento e tiveram seus itinerários aprovados pela CET (Companhia de Engenharia de Trânsito) e órgãos de segurança pública", afirma a gestão municipal.
A prefeitura acrescenta que todos os blocos cadastrados terão a estrutura necessária para a realização dos desfiles com "equipes de segurança, gradis, tapumes, banheiros químicos, limpeza e fiscalização".
Íntegra da nota do Blocão:
"O Blocão, associação consolidada de grandes blocos de carnaval de rua de São Paulo, vem a público expressar sua profunda preocupação com a atual gestão do carnaval paulistano e suas consequências para uma das mais emblemáticas celebrações culturais do Brasil. Nosso manifesto não apenas ressalta os desafios existentes, mas também propõe um caminho para alcançarmos o carnaval que sempre almejamos: inclusivo, democrático e seguro. Neste contexto, destacamos nossas preocupações centrais, que só cresceram com os fatos que assistimos nas últimas horas, como uma inédita obrigatoriedade de vistoria dos trios (sendo que precisam de uma autorização especial para circularem que não foi dada pela CET), por blocos que desfilam sábado [3] e ainda não receberam autorizações da Prefeitura, sobre o plano de segurança e cercamento dos trajetos feito pela PM que não foi informado aos blocos, entre outros fatos preocupantes.
1- O risco iminente de um caos organizacional e um inédito cenário de repressão policial no Carnaval de rua de São Paulo. Um panorama que ameaça não apenas a realização da festa mas também a segurança e a liberdade dos foliões.
2- A falta de transparência e diálogo na condução da produção do Carnaval de rua. As declarações das autoridades sobre supostas negociações com os blocos são, infelizmente, distorcidas, evidenciando um descompasso entre o discurso e a realidade das ações governamentais.
3- A intervenção desproporcional e inadequada da Polícia Militar de São Paulo que, na ausência de uma atuação efetiva da Prefeitura, acaba por assumir um papel central na organização do evento. A imposição de horários restritivos, o agrupamento incoerente dos blocos e a exigência de barreiras físicas são medidas que comprometem a essência do Carnaval de rua, revelando um despreparo considerável para a gestão de uma festa de tal magnitude.
4- O papel da Prefeitura de São Paulo em assumir sua responsabilidade essencial para prover a infraestrutura necessária e liderar a organização do Carnaval, em estreita colaboração com os blocos. Tememos que a persistência no descaso e na inércia governamental estrangule os verdadeiros protagonistas desta festa popular, colocando em risco sua viabilidade.
5- Estamos comprometidos em fomentar um debate abrangente sobre a reformulação do Carnaval para 2025, buscando superar os obstáculos atuais com um modelo atualizado e justo. Ressaltamos que, enquanto a cidade e patrocinadores colhem lucros significativos, os blocos de carnaval enfrentam crescentes dificuldades, sob pressão de exigências descabidas.
6- Lamentamos profundamente que, apesar da significativa contribuição do Carnaval para a economia local— movimentando bilhões de reais e gerando milhares de empregos—, inúmeros blocos da cidade, sendo dois membros da nossa associação (Bloco Lua Vai e Domingo Ela Não Vai) enfrentem obstáculos financeiros insuperáveis. No maior Carnaval do Brasil, é inconcebível que a falta de apoio e de políticas públicas adequadas impeça a realização desses desfiles, privando a população e seus artistas de um direito cultural básico.
Reafirmamos a urgência de uma transformação na abordagem do poder público em relação ao Carnaval de São Paulo, essencial para que a festa ultrapasse este período crítico de restrição e asfixia. Entendemos que alocar recursos para o Carnaval transcende a noção de despesa, representando, na verdade, um investimento crucial para revigorar a economia local, enriquecer o tecido social e preservar a riquíssima cultura brasileira. Estamos totalmente engajados e prontos para colaborar ativamente na concepção de um modelo de Carnaval resiliente e sustentável, que não apenas garanta sua sobrevivência, mas também assegure seu florescimento nas gerações futuras."
Acadêmicos do Baixo Augusta
Agrada Gregos
Bloco Pagu
Bloco Tatuapé
Casa Comigo
Domingo Ela Não Vai
Explode Coração
Ilú Obá de Min
Minhoqueens
Tarado Ni Você
Bloco Lua Vai