LEITURA EM BAIXA

Mais da metade dos brasileiros não leu nem parte de um livro nos últimos três meses

Pela primeira vez, pesquisa mostra que número de não-leitores foi maior do que a de leitores no país em 2024

Brasil perdeu sete milhões de leitores em cinco anosCréditos: Pixabay
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 A 6ª edição da Retratos da Leitura no Brasil, divulgada nesta terça-feira (19), mostra que o número de não-leitores foi maior do que a de leitores no país em 2024. Mais de 7 milhões de pessoas deixaram de ler nos últimos cinco anos.

À exceção da edição atual, o levantamento é realizado a cada quatro anos desde 2007 e é a primeira vez que o número de não leitores ultrapassa o de leitores no Brasil.

De acordo com a metodologia da pesquisa, é considerado como leitor aquele que leu, inteiro ou em partes, pelo menos um livro de qualquer gênero, impresso ou digital, nos últimos três meses e o não leitor é aquele que declarou não ter lido nem mesmo uma parte de um livro no mesmo período.

Entre os leitores, das razões apontadas para não ler mais livros, 46% apontaram a falta de tempo como a principal culpada. Outros 9% disseram preferir outras atividades, 8% disseram não ter paciência para ler e 7% afirmaram se sentir muito cansados para ler.

Já entre os não leitores, a falta de tempo também é a principal justificativa, mas atinge 33%, e não gostar de ler é o motivo de 32% do segmento. São 14% os que apontam não ter vontade de ler, 12% preferem outras atividades e 6% disseram ter dificuldades para ler.

Bíblia é o gênero mais lido

Para 24% dos entrevistados, a principal motivação da leitura foi o gosto pessoal, seguindo-se distração e atualização cultural ou conhecimento geral, com 15% de menções. Entre os leitores, 13% citaram ainda crescimento pessoal, 10% citaram aprender algo novo ou desenvolver alguma habilidade e 8% atribuíram a leitura a motivos religiosos.

Quando são abordados os gêneros de literatura, o que apresentou crescimento mais expressivo em relação a 2019 foi a Bíblia, o mais lido, que passou de 35% para 38%.

Em seguida aprecem os Contos (22%), Romance (20%), Religiosos (17%), Poesia e o bloco que tem História, Economia, Política, Filosofia ou Ciências Sociais (12%). A maior queda, em comparação com o levantamento de 2019, foi em Didáticos, ou seja, livros utilizados nas matérias do curso da pessoa entrevistada, que passaram de 16% para 11%.

No tempo livre... Internet

Uma das razões para a queda no hábito da leitura talvez possa ser encontrada na evolução dos hábitos das pessoas quando estão com tempo livre.

Na liderança está o uso da internet, que passou de 66% em 2019 para 78% em 2024. Na sequência vem o uso de WhatsApp ou Telegram, que evoluiu no período de 62% para 71%, enquanto assistir televisão caiu de 67% para 60% e escutar música ou rádio foi de 60% para 57%.

O uso de Facebook, Twitter ou Instagram cresceu de 44%, em 2019, para 49% em 2024. Reunir-se com amigos ou família ou sair com amigos caiu de 44% para 41%, escrever foi de 46% para 41% e a prática de esportes manteve o patamar de 25%.