CURIOSO

Epidemia de riso: quando mais de 1000 pessoas quase morreram de rir sem motivo

Uma histeria de risadas ocorrida em uma região rural segue sendo um mistério para a psicologia, quase sessente anos depois

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Sabe quando você está conversando com um amigo e começa a rir sem parar? Esse riso que parece incontrolável pode ser angustiante, não é? Agora imagine isso acontecendo com todas as pessoas ao seu redor...

Parece uma história de filme de terror, mas é o que aconteceu em Tanganica (atual Tanzânia), em 30 de janeiro de 1962. Estudantes de uma escola de missionários cristãos para meninas começaram a entrar em uma crise de riso que se espalhou pela escola.

A crise começou com três garotas, e afetou 95 de 159 estudantes entre 12 e 18 anos. Os sintomas da risada duravam entre algumas horas até 16 dias, e, em média, cada pessoa passava 7 dias rindo.

Os professores e agentes escolares não foram afetados, mas a epidemia acabou se espalhando para outros jovens de outras escolas. Para evitar o espalhamento do fenômeno, o governo ordenou o fechamento da escola. A epidemia durou cerca de 48 dias na primeira onda.

Em maio, quando a escola foi reaberta, mais 57 meninas foram afetadas. A epidemia se espalhou para a região de Muleba, a cerca de 60 quilômetros de Kashasha. Mais de 217 jovens passaram pelos sintomas. Depois, em junho, mais 48 meninas foram afetadas. Depois, foram registrados casos em Kanyangereka. Foram mais de 14 escolas afetadas, mil estudantes impactadas e 18 meses de epidemia.

Entre os sintomas, foram relatados riso, choro, inquietação geral, dor geral, desmaios, problemas respiratórios e erupções cutâneas.

Até hoje, o evento é marcado como um dos principais casos de histeria coletiva da história recente. Eventos similares ocorreram em Uganda, em 1963, nas proximidades de Tanganica, com epidemias de corrida, e são estudados até hoje como eventos importantes na psicologia de massas e na psiquiatria.

De acordo com as observações do psicólogo e pesquisador Benjamin H. Kagwa no East African Medical Journal, uma característica notável é a prevalência de sintomas típicos em grupos étnicos específicos, onde a ocorrência e propagação de sintomas comparáveis estão alinhadas com os limites tribais.

Para ele, as mudanças sociais causadas no período colonial no leste africano anos 1960 eram parte da motivação dessas crises, que já haviam ocorrido em momentos de transformação social similar na Europa e na Ásia.