Achada no campo de concentração de Auschwitz, em 2015, pelo maestro britânico Leo Geyer, a canção Futile Regrets ("arrependimentos fúteis") foi exposta ao público pela primeira vez durante um concerto em Londres, na Inglaterra.
Ela foi tocada no dia 27 de novembro, na sala Lilian Baylis Studio, no Teatro Sadler's Wells, junto a outras três canções também restauradas por Geyer, que agora compõem a obra "As Orquestras de Auschwitz".
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De acordo com o The Washington Post, Futile Regrets foi composta por um prisioneiro de Auschwitz e foi apresentada "como as páginas de um romance trágico", com as cordas do violino reverberando com o peso das tristezas vivenciadas pelas vítimas do Holocausto.
A restauração das canções encontradas no campo de concentração fazem parte de um projeto pessoal de Geyer, que surgiu após ele ser contratado para visitar Auschwitz e criar uma peça em homenagem a Martin Gilbert, um historiador e especialista no Holocausto que morreu em 2015. O maestro acabou descobrindo pedaços de músicas enquanto conversava com um arquivista.
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"Quando olhei pela primeira vez, vi peças incompletas, muitas com bordas queimadas", relata Geyer. "O que chamou minha atenção foi um manuscrito desbotado com um esboço para uma composição, mas estava incompleto e não assinado."
Geyer conta que a letra da pessoa que escreveu a canção era muito parecida com a sua, o que o tocou profundamente. "Senti que era meu dever terminar o esboço e fazer com que essa voz perdida fosse ouvida", diz.
O maestro também acrescente que, além de incompletas, as músicas usavam uma “mistura de instrumentos aleatórios disponíveis”, que não são tradicionalmente usados em orquestras, como acordeões, saxofones e bandolins. “Portanto, grande parte dessa música teria soado muito estranha”, afirmou ao The Washington Post.
A maioria das músicas era composta com influência das orquestras que tocavam durante a partida de prisioneiros para trabalharem forçadamente em fábricas e outros campos, e também quando eles retornavam, muitas vezes carregando corpos. Apesar desse momento ser dedicado aos soldados que serviam aos campos de concentração, as músicas também serviam como válvula de escape para as vítimas, segundo Geyer, que começaram a se rebelar com criptogramas musicais contendo mensagens proibidas de alguma forma na canção