A rede de lojas Riachuelo foi acusada neste final de semana, pela produtora cultural Maria Eugênya, em sua conta do Twitter, de colocar à venda um modelo semelhante ao uniforme usado por prisioneiros em campos de concentração nazistas, durante o holocausto na Segunda Guerra Mundial.
A produtora mostra foto da roupa e afirma na legenda: “o uso da estética violenta (holocausto, escravidão) pra gerar polêmica é uma das faces do marketing, não é novidade. Mas insisto que conhecer a história e a construção de pensamento crítico e preservação da memória falta pra muita gente ter no mínimo vergonha de achar isso aí ok.”
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Ela diz ainda: “vieram algumas pessoas aqui defender a moda acima de qualquer coisa que retiro o que disse sobre o "obviamente". É pior. É puro cinismo mesmo, onde colocam um uso estético acima de crítica ou memória histórica.”
O pijama do Getúlio
Ao final da postagem, Eugênya lembra: “pra quem tá falando do pijama do Getúlio: não, sequer era da mesma cor. Pra quem tá falando que eles sabem: sabem. A falta de aula de história é justamente por não terem julgamento crítico em relação ao que é imperdoável.”
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A Fórum buscou nas redes da Riachuelo o modelo e encontrou um conjunto feminino de camisa e calça que, de fato, é muito semelhante ao uniforme usado nos campos de concentração.
Veja abaixo:
A Fórum tentou contato com a assessoria da Riachuelo que enviou uma nota se pronunciando em relação à acusação envolvendo a indumentária comercializada no site da empresa. O teor da resposta segue na íntegra abaixo.
"Nós, da Riachuelo, prezamos pelo respeito por todas as pessoas, e esclarecemos que, em nenhum momento, houve a intenção de fazer qualquer alusão a um período histórico que feriu os direitos humanos de tanta gente. A escolha do modelo das peças e da cartela de cores realmente foi uma infelicidade, e gostaríamos de reforçar que todas as peças já estão sendo retiradas das nossas lojas e e-commerce. Entendemos a sensibilidade do assunto, agradecemos o alerta trazido pelos nossos consumidores e pedimos desculpas a todas as pessoas que se sentiram ofendidas pelo que o produto possa ter representado."
Dono apoiou Bolsonaro
Flávio Rocha, dono da rede de lojas Riachuelo, foi um conhecido apoiador do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) nas eleições de 2018. Em 2022, no entanto, o empresário deu entrevista ao Estadão afirmando que, desta vez, era melhor "ficar na moita".
Rocha, que até então cobrava dos empresários brasileiros o contrário, recomendou que eles ‘fiquem na moita’ com relação ao embate polarizado por Bolsonaro e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
“Eu dizia que os empresários tinham que sair da moita. Hoje eu já digo o contrário, para ficar na moita mesmo. É um momento difícil para a liberdade de expressão”, disse Rocha.