Coitado! Dono da Riachuelo diz que vai ficar pobre se pagar imposto

O bolsonarista Flávio Rocha quer o fim da desigualdade sim, mas sem taxar seus bilhões (imposto que existe em todos os países do mundo), porque, segundo ele, isso vai deixá-lo, assim como os amigos do clube, pobrinhos – Por Henrique Rodrigues

Foto: Redes sociais (Reprodução)
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A declaração do dono da Riachuelo hoje à Folha de S. Paulo é o cartão de visitas de uma elite parasitária e cínica, historicamente escravocrata, orgulhosa da sua cafajestagem.

Falando sobre a eterna proposta nunca aprovada e colocada em prática da taxação de grandes fortunas e da cobrança de imposto sobre lucros e dividendos, em vigor em todos os países do Ocidente, exceto no Brasil e na Estônia, Flávio Rocha afirmou textualmente que "esse é um imposto que diminui a desigualdade, mas achatando a pirâmide, ou seja, empobrecendo os ricos”.

Antes de desejar um inferno quente e carbonizante a uma carniça fétida como esse senhor, compreenda o que significa isso e quanto é aviltante uma declaração assim.

A borra colonialista adora essa tetinha, mas defendê-la com tremenda canalhice, sem verniz, me faz entender por que alguns viventes acreditam que uns pares de anos de trabalhos forçados a essa súcia seriam uma iniciativa pedagógica.

O Ipea e todos os órgãos econômicos sérios daqui e do exterior garantem que cobrar uma alíquota fixa ou progressiva sobre os lucros e dividendos de megaempresas e taxar gigantescas fortunas melhoraria substancialmente o Coeficiente de Gini do Brasil, o indicador de desigualdade. Somos um dos países mais ricos do planeta e o 10° mais desigual.

Se uma alíquota fixa de 15% fosse estabelecida, teríamos R$ 25 bilhões injetados diretamente no caixa. No caso da taxação progressiva, com limite máximo de 27,5%, como nós, pobres marmiteiros mortais, pagamos de Imposto de Renda, a arrecadação chegaria a R$ 40 bilhões.

Só que esses sanguessugas não pagam um centavo sobre os multimilionários (ou bilionários) lucros e dividendos de suas empresas e limitam-se a pagar o mísero ITCMD sobre heranças que são verdadeiros império, isso quando o controle de tudo não é passado aos filhos ainda em vida. Limitam-se a contribuir com o Imposto de Renda de Pessoa Física sobre o pró-labore (salário que recebem na folha de pagamento da firma, como se fossem empregados comuns).

A regalia, praticamente inexistentes no mundo, foi uma concessão aos ricaços dada por Fernando Henrique Cardoso, o príncipe dos sociólogos, génie des Sciences Sociales de la Sorbonne, que apenas institucionalizou em lei e em letras garrafais a mamata.

Os bonitões cheirosos que vivem em palacetes também não pagam impostos sobre seus aviões, helicópteros e iates, já que o STF considerou que isso só é válido para os veículos que andam no chão, como o seu carrinho comprado a prestações, cobrado todo início de ano com o famigerado boleto de IPVA colocado em sua caixinha do correio em janeiro.

Se o seu transporte voa ou navega, tá isento de tributação.

É a vergonha e a safadeza carimbadas pelo leão que toma conta dos cofres públicos.

Aí o rapazote bolsonarista, cuja família guarda no cofrinho R$ 6,7 bilhões (dados da Forbes), aparece no diário de maior circulação do país falando que pagar imposto, da mesma forma que TODOS NÓS pagamos, é algo que vai "empobrecê-los" e que isso não é justo só porque precisamos dar um pouquinho de comida e dignidade a quem não tem uma privada pra cagar nesse país herdado da escravidão.

Vou tornar a repetir uma exortação que vai acabar virando bordão: o inferno é pouco pra essa caterva!

Este artigo não reflete, necessariamente, a opinião da Revista Fórum.