FRANÇA

Caso Gérard Depardieu: artistas pedem que público “não cancele” acusado de estupro

Premiado ator francês foi acusado de agressão sexual por diversas mulheres; manifesto foi assinado por 56 famosos, entre eles a esposa de Roman Polanski, condenado por estupro

O ator e cineasta francês Gérard Depardieu.Créditos: Flickr/Tom Lee KelSo
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O jornal francês Le Figaro publicou, nesta terça-feira (26), um manifesto assinado por 56 artistas com o título autoexplicativo “Não Cancelem Gérard Depardieu”. Depardieu é um ator e cineasta francês que costumava ser lembrado por seus prêmios, mas, nos últimos anos, passou a ser lembrado por acumular acusações de agressão sexual contra diversas mulheres.

O manifesto foi assinado por 32 homens de 24 mulheres. Dentre eles está Emmanuelle Seigner, esposa do diretor Roman Polanski, condenado em 2019 por estuprar uma menina de 13 anos em 1977. Outras personalidades que assinaram o texto incluem a atriz britânica Charlotte Rampling, os atores Jacques Weber, Pierre Richard e Gérard Darmon e a ex-esposa de Depardieu, Carole Bouquet.

O texto classifica o ator como “o último monstro sagrado do cinema” e afirma que ao atacar um artista como Depardieu, “que participa do brilho cultural da França”, “é a arte que é atacada”.

Eles pedem que o artista ainda possa atuar na profissão e afirmam que a sociedade não pode apagar “a marca indelével de sua obra”. "Todo o resto diz respeito à Justiça e apenas à Justiça. Exclusivamente", conclui o manifesto, que também inclui elogios para Depardieu como uma pessoa de personalidade “única e extraordinária”.

Caso Gérard Depardieu

Gérard Depardieu foi acusado de estupro em 2020 pela atriz Charlotte Arnould. Ela afirma que sofreu vários estupros e agressões sexuais na residência do ator de 74 anos, amigo de sua família, em uma semana de 2018. A Justiça francesa considerou que existem indícios de que a acusação deveria ser investigada.

Antes disso, em 2019, a atriz Emmanuelle Debever acusou Depardieu de agressão sexual. Ela se suicidou aos 60 anos, no dia 7 de dezembro deste ano, mesmo dia em que foi exibido na televisão francesa trechos de um documentário inédito do diretor Yann Moix que mostra depoimentos de outras quatro mulheres que acusam Depardieu de agressão sexual.

Foi essa reportagem que colocou o nome do cineasta de volta aos holofotes. Em um vídeo exibido no mesmo canal e gravado há cinco anos para esse documentário, Depardieu aparece fazendo comentários misóginos e obscenos ao se dirigir a mulheres. Em um outro momento ele faz ainda pior e direciona comentários de cunho sexual para uma criança.

O ator nega as acusações. Nesta segunda-feira (25), ele teve sua estátua retirada da exposição permanente do Museu de Cera de Paris "diante das reações negativas dos visitantes”, segundo nota divulgada pela agência de notícias AFP. Ele também perdeu títulos que havia acumulado ao longo da carreira e corre o risco de ter revogado a sua medalha da Legião de Honra da França, mais alta condecoração concedida no país.