A Justiça chilena autorizou o cantor britânico Roger Waters a realizar seus shows no país, previstos para acontecerem neste sábado (25) e no domingo (26), na capital Santiago.
A Corte precisou se pronunciar após o Comitê Representativo de Entidades Judaicas no Chile tentar impedir os shows de Waters no país, sob a justificativa de que o cantor tem um "histórico de incitação ao ódio antissemita".
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Waters é um ativista pela causa palestina e tem denunciado os ataques de Israel ao território em seus shows.
O jornal local Cooperativa reportou que a acusação foi desconsiderada pelo Tribunal de Apelações de Santiago, pelo entendimento de que “não foram mencionados fatos que possam constituir violação das garantias constitucionais”.
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Um grupo de 66 artistas chilenos escreveu uma carta para o Judiciário pedindo que os shows fossem liberados no país. Eles defenderam que a ação do Comitê de Entidades Judaicas procurava “censurar previamente as críticas ao assassinato de crianças, aos bombardeamentos de campos de refugiados, a hospitais, ao assassinato de funcionários da ONU, entre outros crimes cometidos pelo governo liderado pelo ultradireitista Benjamin Netanyahu”, afirmando ainda que a censura se compararia às ações cometidas pela ditadura Pinochet no país.
Roger Waters sofre boicote na América Latina
Essa não foi a primeira tentativa de boicote que o ex-Pink Floyd sofreu desde que chegou à América Latina com sua turnê de despedida “This is Not a Drill”.
No último dia 15, o cantor denunciou em suas redes sociais não ter onde se hospedar em Buenos Aires (Argentina) e Montevidéu (Uruguai), no que classificou como um "boicote" organizado pelo "lobby israelense".
O cantor teve que continuar hospedado em São Paulo (SP) e ir para os países apenas na hora dos shows, que aconteceram no dia 17 no Uruguai e nos dias 21 e 22 na Argentina, uma vez que os hotéis teriam se recusado a hospedar o artista.
No Brasil, Waters também não escapou das tentativas de censura da extrema direita. Os advogados Ary Bergher, Giulia Yakovleva Mendes Accurso e Nathalia Diniz Borges entraram com uma ordem para proibir o cantor de ingressar em território nacional por usar uniforme e símbolos semelhantes aos nazistas durante um ato de seu show, uma reprodução da cena do filme “The Wall” em que faz uma crítica ao nazismo.
O Ministério Público Federal (MPF), por meio da Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão no Rio de Janeiro, arquivou o pedido, liberando os shows do cantor no Brasil, por entender que os símbolos são usados no caso com a finalidade de criticar e não apoiar o regime nazista.