Regina Duarte, a atriz que um dia foi literalmente a cara da televisão e da teledramaturgia nacional, deu uma guinada na vida e se afundou em todos os aspectos após jogar décadas de trabalho e reputação para o alto e se abraçar ao que há de mais nefasto e paranoico na política brasileira: o bolsonarismo. No entanto, o que assusta agora é vê-la dizer numa entrevista à Folha de S.Paulo que segue admirando Jair Bolsonaro e que ser paranoica é algo bom.
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Sim, Regina Duarte deu entrevista, falou sobre tudo e reiterou as maluquices que a levaram ao fundo do poço. Poço este, aliás, que parece não ter fundo. Naturalmente ela disse continuar “tendo medo de Lula”, como no ridículo slogan presidencial de 2002, eleição em que fez campanha para o tucano José Serra. “(Tenho) medo cada vez maior e ponto final”.
“Você começa a perceber que a paranoia é um sentimento indispensável para você sobreviver em determinado meio. Você precisa ser paranoico. É uma coisa dolorosa. Não sei se eu aprendi, mas eu fiquei melhor do que eu era. Eu tomo outros cuidados hoje em dia”, confessou a antiga “namoradinha do Brasil”, que agora quer ser chamada de “artistinha” ou “atrizinha” do Brasil, por conta de seus 76 anos.
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Mais reacionária do que nunca, ela disse coisas sem sentido e autodestrutivas, outras que reproduzem de forma cômica os papos de “tiozões” e “tiazonas” do “zap”, e ainda se mostrou encantada com os “seguidores” bolsonaristas, referindo-se à parcela mais amalucada, descompensada e extremista da sociedade brasileira, a franja mais alienada pelo ex-capitão de extrema direita que por acidente do destino “governou” o Brasil.
“Eu acho que fizeram muito bem. Fizeram muito bem em se afastar de mim, porque eu passei a ser uma persona non grata na classe artística e na imprensa, uma pessoa que não agrega. Quem acha que a Regina pode agregar alguma coisa são os bolsonaristas, que estão comigo. A partir do momento em que eu declarei meu voto, eu saí de 700 mil seguidores para 1,5 milhão. Eu mais que dobrei, aí eu vi que não estou sozinha. Se a classe não quer ficar comigo, é problema dela, tem todo o direito. Eu não estou sozinha, estou superbem acompanhada por pessoas que têm os mesmos valores que eu, família, religião, coisas que dão estrutura, que dão raiz à árvore que a gente é”, disse Regina.
Em relação à classe artística que a rechaça depois de suas quimeras ultrarreacionárias e de seu papel ativo na administração do ex-presidente radical, na qual ocupou por exatos 74 dias a chefia da Secretaria Nacional de Cultura, a atriz veterana diz não nutrir ressentimentos, embora assuma que foi “defenestrada” pelo simples fato de “gostar de Bolsonaro”, como se fosse pouco bajular um sujeito de cariz funesto que abomina a cultura, defende a tortura e que tentou se tornar ditador.
“Não conseguem mais me aceitar, aceitar o que eu tenho a propor. Só posso lamentar. Não tenho nenhum ressentimento com isso, acho que é um direito, mas tem uma confusão aí. Muitas vezes eu fui defenestrada, eu tenho sido muito defenestrada, por algumas pessoas porque elas não gostam do Bolsonaro. E eu não posso gostar? Elas querem me impedir de ser bolsonarista? É essa a ideia? Não é um tanto agressivamente ditatorial? Essa é a pergunta que fica no ar. Quer dizer que essas pessoas querem uma ditadura? Querem também serem proibidas de fazer escolhas livres?”, comentou.
Contraditória, ela diz que “nem mesmo entrou para a política” e reitera sua admiração pelo ex-presidente que a “queimou” publicamente, à luz do dia, e ainda de tabela acabou com sua carreira à frente das câmeras.
“Eu nem considero que eu saí da política, porque eu nem entrei na política. Eu não fiz nem os cem dias que todo político tem o direito de exercer para mostrar um pouco ao que ele veio naquela função. Na verdade, foi um passeio por Brasília, inspirado pela minha admiração pelo Bolsonaro e também pelo desejo de fazer alguma coisa pela classe”, acrescentou a “ex-namoradinha do Brasil”.
Da relação com o ex-presidente Jair Bolsonaro, pelo jeito, não sobrou nada. Regina Duarte assumiu que após sua demissão, com menos de dois meses e meio no cargo, e de forma traiçoeira, o “capitão” nunca mais falou com ela. Mas ela segue “o admirando”.
“Não tenho nenhuma proximidade mais com ele. Na época, nossas proximidades foram muito raras, mas, toda vez que ele me encontrava, ele olhava para mim e falava “menina, o que que você está fazendo aqui ainda?”, “isso aqui não é para você”. Eu ria e falava “presidente, o senhor não me chamou aqui?”, “eu sou patriota, presidente, estou tentando cumprir a minha missão”. Ele ria e falava “vai para casa, mulher, vai lá com seus netos””, disse.