A Revolta da Chibata é abordada por instituições de ensino públicas e privadas em todo o Brasil. Prestes a completar 113 anos, o motim organizado principalmente pela população negra, que compunha o baixo escalão da Marinha Brasileira, marcou a história nacional.
O episódio começou em 22 de novembro de 1910 e acabou no dia 27 do mesmo mês. Liderado por João Cândido, os militares dos menores escalões da marinha reivindicavam mais respeito e menos crueldade no sistema hierárquico de poder, sobretudo nas punições.
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Devido a isso, a revolta foi apelidada com o nome do instrumento que refletia esse abuso de autoridade: a chibata. Sim, os marinheiros eram chicoteados. Outro ponto era a condição precária de trabalho e os salários baixos.
A situação denunciava que a norma da época era maltratar e precarizar a situação da população negra, mesmo que os tratados pelo fim da escravidão já tivessem sido estabelecidos. Todo esse contexto contribuiu para a insatisfação dos marinheiros.
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O estopim da Revolta da Chibata
O marujo Marcelino Rodrigues Menezes foi castigado na madrugada do dia 22 de novembro de 1910, vítima de 250 chibatadas, 10 vezes mais do que o "castigo comum", com a desculpa de que ele havia agredido um oficial no Rio de Janeiro.
Os marinheiros que se revoltaram perante a situação pertenciam à tripulação do navio "Minas Gerais", um dos novos modelos pertencentes à Primeira República brasileira. Em seguida, as embarcações "São Paulo", "Deodoro" e "Bahia" também se juntaram à luta.
Os tripulantes dos navios reivindicavam direitos básicos, como condições melhores de alimentação e trabalho, além de anistia para quem estava participando da revolta.
A traição do governo diante do acordo
A Revolta da Chibata ficou marcada como a primeira crise enfrentada pelo presidente Hermes da Fonseca que, de início, acatou com as exigências solicitadas pelos marinheiros na negociação para encerrar o motim.
No entanto, após os tripulantes entregarem as armas, cerca de dois dias depois, os marinheiros foram presos na Ilha das Cobras, sede do Batalhão Naval. Lá, centenas de fuzileiros e prisioneiros foram executados.
Além disso, 37 rebeldes foram colocados em duas prisões solitárias, onde morreram sufocados. João Cândido e mais um colega de rebelião foram os únicos sobreviventes. Ao todo, foram 200 mortos e feridos e mais de 2 mil soldados expulsos.
Após o conflito, a maioria dos participantes da revolta foram assassinados ou expulsos dos serviços militares. Alguns foram obrigados a realizar trabalho escravo na Amazônia e na ferrovia Madeira-Maromé. Além disso, o líder, João Cândido, foi considerado insano e internado em um manicômio.