CULTURA

Machado de Assis: 115 anos da morte do escritor que teve sua identidade racial apagada

A primeira publicação do intelectual de origem humilde, ícone da literatura brasileira, foi realizada aos 15 anos

O escritor fundou a 23ª cadeira da Academia Brasileira de Letras.Créditos: /Reprodução
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A morte do grande escritor e considerado o maior nome da literatura brasileira, Machado de Assis, completou 115 anos na última sexta-feira (29/09).

Joaquim Maria Machado de Assis, nascido na cidade do Rio de Janeiro, em 21 de junho de 1839, foi o autor de dezenas de obras importantes para a literatura nacional: "O Alienista", "Dom Casmurro", "Memórias Póstumas de Brás Cubas", dentre outros títulos muito reconhecidos, fazem parte do acervo de produção do escritor.

Diante de sua carreira de sucesso e de seu reconhecimento em larga escala, a identidade étnica de Machado de Assis foi apagada muitas vezes – sua ascensão frente a um Brasil escravocrata fez com que os formulários da época o considerassem branco.

A questão de raça atribuída ao escritor é uma maneira de visibilizar a importância e a representatividade da população negra na sociedade e desmistificar que apenas produções eurocêntricas possuiriam valor.

Embora não se saiba oficialmente como Machado de Assis se identificava, uma carta enviada a ele por Gonçalves Crespo, um poeta português, cita a identidade racial, uma vez que ele também era um homem negro.

"A Vossa Ex., já eu conhecia de nome há bastante tempo. De nome e por uma certa simpatia que para si me levou quando me disseram que era… de cor como eu", diz Gonçalves na carta.

Por muitos anos, o discurso de que Machado de Assis era um intelectual branco, parte da elite, se difundiu tão profundamente no tecido social que a população se surpreende ao se deparar com uma fotografia do escritor. 

Fotografia que retrata Machado de Assis

As origens humildes do aclamado artista brasileiro pareciam incomodar aqueles que o admiravam. Sua mãe era uma mulher branca, portuguesa e lavadeira, e seu pai, um homem negro que trabalhava com pintura.

Multifuncional, Machado de Assis atuou como cronista, jornalista, contista, romancista, poeta e teatrólogo. Além disso, fundou a cadeira n° 23 da Academia Brasileira de Letras.

Sua primeira publicação foi realizada apenas aos 15 anos de idade, no Periódico dos Pobres, nomeada como "À Ilma. Sra. D.P.J.A.", em 3 de outubro de 1854.

Por conta da diversidade de gêneros trabalhados em suas obras e pela excelência ao contar histórias, Machado é lembrado, até hoje, como um dos maiores autores da literatura da língua portuguesa.