A ciência tem uma solução inesperada mas eficaz para um problema em potencial — que ainda não existe, mas, seguindo o ditado popular, é melhor prevenir do que remediar. Neste caso, no entanto, a única prevenção seria o próprio remédio.
Trata-se da possibilidade de que, em algum momento, um asteroide entre em rota de colisão com a Terra. Atualmente, há um desses em constante monitoramento pelas agências espaciais, como a norte-americana Nasa e a ESA (Agência Espacial Europeia): o asteroide YR4, que deve passar pela Terra em dezembro de 2032, e tem chances altíssimas de... não gerar qualquer estrago.
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De acordo com a ESA, a probabilidade está dada assim: 99% de chance de correr tudo bem, e 1% de chance restante de que haja um impacto de colisão, que "não pode ser totalmente descartado".
É para isso que a ciência trabalha em alternativas, e a que se apresenta atualmente é muito interessante. Um estudo publicado na revista Nature Physics sugere que a melhor forma de prevenir uma colisão de asteroide com a Terra é remediá-lo com grandes "pulsos de radiação", isto é, com o efeito gerado por uma espécie de bomba nuclear.
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Isso porque, para o estudo, foram simulados alvos similares aos asteroides, que uma máquina de radiação foi capaz de vaporizar e "jogar para trás", como se os alvos (os supostos asteroides) fossem foguetes em marcha-a-ré. Eles recuaram, e os cientistas agora defendem que, para desviar um asteroide, seria preciso produzir uma explosão nuclear no espaço.
Uma ogiva nuclear no espaço poderia ser a única opção viável para asteroides muito grandes, detectados em rota de colisão sem tanta antecedência (o que, para a astronomia, corresponde a menos de uma década), afirma o cientista Harrison Agrusa, do Observatório francês Côte d'Azur, ouvido pela National Geographic.
De acordo com simulações computadorizadas, um asteroide de até 100 metros de comprimento poderia ser bombardeada dois meses antes de seu possível impacto com a Terra. Mas não é tão simples: esse bombardeio também tem seus riscos, como transformar o asteroide em uma série de pequenos jatos dispersos, ainda sob risco de atingir a Terra em alta velocidade.
"O ideal é desviar o impacto", diz a revista. E, para isso, seria necessário enviar uma espaçonave não tripulada, armada com um dispositivo nuclear, que detonaria uma bomba próxima e liberaria raios X, gama e nêutrons que o asteroide seria capaz de absorver. Isso o faria se estilhaçar, e os detritos rochosos resultantes do processo seriam, então, vaporizados no espaço.
“É reconfortante o fato de que grandes asteroides não impactam a Terra com muita frequência”, diz Nathan Moore, autor principal do estudo, à National Geographic. “É ainda mais reconfortante saber que agora temos uma maneira de nos preparar para esse tipo de desastre natural.”