MILITAR

Um ‘Domo de Ferro’ para os EUA: novo projeto militar de Donald Trump invadiria o espaço

Inspirado pelo sistema militar israelense, Trump quer construir uma grande redoma de defesa aérea sobre os EUA; mas esta não é uma tarefa simples

Interceptador de mísseis a laser.Créditos: free source
Escrito en TECNOLOGIA el

Na última segunda-feira (27/1), Donald Trump assinou uma ordem executiva que autoriza a construção de uma "redoma de ferro" para os EUA — um sistema de defesa aérea antimísseis similar ao que Israel tem para a interceptação de projéteis.

O Iron Dome israelense (Domo de Ferro, em tradução livre) foi projetado para interceptar e destruir mísseis de curto alcance, além de foguetes e outras ameaças do espaço aéreo. O domo, composto por um sistema de radar capaz de detectar e rastrear ameaças aéreas em potencial, além de um centro de comando e controle capaz de determinar a trajetória de mísseis e estimar se poderiam atingir áreas civis ou de valor estratégico, e de um míssil interceptador Tamir, usado para destruir projéteis inimigos, foi instalado ainda em 2011, e desde então tem estado em operação em todo o território israelense. 

No entanto, construir uma redoma aérea de defesa para os EUA, país territorialmente cerca de 370 vezes maior que Israel (com 9.8 milhões de km² de extensão, em vista dos apenas 22 mil km² de seu aliado), não é uma tarefa simplória: exigiria interceptadores a atuar do espaço, a milhares de km de distância, e afetaria, portanto, o espaço aéreo conjunto.

De acordo com o comunicado da Casa Branca, a "redoma de ferro" norte-americana serviria para combater as "ameaças catastróficas" de adversários dos EUA e seus "novos sistemas de ataque", "defendendo a pátria". 

"O plano de Trump prevê, de forma direta, um fortalecimento significativo do arsenal nuclear americano e dos meios para conduzir operações de combate no espaço, incluindo o desenvolvimento e a implantação de sistemas de interceptação com base no espaço", disse a porta-voz do Ministério de Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova. 

A Rússia se mostrou crítica do plano do novo presidente norte-americano, que, de acordo com sua porta-voz, afetaria os mecanismos de dissuasão nuclear das maiores potências globais.

"Precisamos começar imediatamente a construção de um escudo de defesa antimísseis Iron Dome de última geração, que será capaz de proteger os americanos", teria dito Trump durante um congresso da base republicana em Miami, como noticiou o The Times of Israel. Essa já era uma promessa de campanha de Trump: construir uma versão 'de última geração' (estado-da-arte) do famoso sistema israelense — que, em Israel, protege apenas contra ameaças de curta distância.

A ideia de Trump é, no entanto, construir um sistema muito maior e mais complexo, capaz de interceptar mísseis intercontinentais (ICBMs).

O "Iron Dome para a América", como foi intitulado esse projeto, deve ser um sistema de defesa contra "mísseis balísticos, hipersônicos, de cruzeiro e outros ataques aéreos avançados", diz a ordem executiva assinada por Trump.

Um outro projeto em curso, este da Marinha norte-americana, é a construção de um satélite 100% autônomo, capaz de detectar e caracterizar objetos no espaço, e de receber e sinalizar informações sem a necessidade de operação humana.

De acordo com Steven Meier, diretor do Laboratório de Pesquisa Naval dos EUA, já há um protótipo do sistema em curso, que deve permitir que o projeto avance, agora, para o próximo passo: construir o satélite, equipá-lo com inteligência artificial e lançá-lo ao espaço.

O satélite norte-americano, que tem previsão de pleno funcionamento em 10 ou 15 anos, será treinado com uma base de dados ampla, composta por imagens de aeroportos e estradas, prédios e outros elementos civis. Quanto mais informações o sistema de identificação recebe, melhor se torna no reconhecimento de padrões e objetos específicos.

 

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