Um mega projeto de infraestrutura tem sido mencionado, desde o ano passado, como uma das maiores obras de mobilidade das últimas décadas caso fosse levado à frente: um enorme túnel transatlântico a ligar Nova York a Londres através do Oceano Atlântico, numa viagem que poderia durar míseros 54 minutos (10 vezes menos tempo do que leva, hoje, uma viagem aérea).
O projeto combinaria uma série de tecnologias avançadas de engenharia, como tubos de vácuo (dispositivos eletrônicos usados para permitir a passagem controlada de correntes elétricas) e trens de levitação magnética (que utilizam tecnologia de levitação magnética para flutuar sobre os trilhos, reduzindo o atrito entre as rodas), para permitir que o "trem transatlântico" atingisse velocidades supersônicas — isto é, rompesse a barreira do som.
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É claro que essa estrutura teria de sobreviver a uma pressão oceânica elevada, além de a possíveis atividades sísmicas do fundo do oceano. Além disso, sua extensão seria surpreendente se cobrisse a travessia dos EUA ao Reino Unido — cuja distância é de aproximadamente 5.567 km.
Um outro dilema é a geração de calor causada pela ultravelocidade do trem, que necessitaria, portanto, de sistemas avançados para dispersar as altas temperaturas.
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Com cabines pressurizadas e tubos de vácuo para reduzir a resistência do ar, acredita-se que um trem dessa espécie poderia chegar a atingir uma velocidade de até 8.000 km/h.
O projeto foi avaliado em US$ 20 trilhões, um dos orçamentos mais altos já avistados para uma obra de infraestrutura. E não se sabe se seria, de fato, lucrativo.
Mas o professor Bent Flyvbjerg, economista especializado em 'megaprojetos' na Universidade de Oxford, disse, em entrevista à Newsweek, que esse projeto tem, sim, chance de se tornar realidade num futuro próximo, caso contasse com a ajuda de ninguém mais, ninguém menos que Elon Musk, o multibilionário dono de empresas de tecnologia (SpaceX e Tesla), da rede social X e da The Boring Company, uma companhia de projetos de infraestrutura fundada por ele em 2016, a partir de uma sugestão 'solta'.
A pretensão de se dedicar a projetos de infraestrutura foi compartilhada por ele, à época, na antiga versão do Twitter. Então veio a Boring Company, cujo projeto mais recente tem sido auxiliar o Departamento de Controle de Fogo de Austin na realização de exercícios de segurança em túneis no Texas.
As obras da companhia de Musk, desde sua fundação, têm se baseado em pequenos túneis subterrâneos para a mobilidade de veículos elétricos, e seu primeiro projeto comercial, o Las Vegas Loop, tem apenas 4,8 km de extensão, construído a fim de aliviar o congestionamento do tráfego entre o Las Vegas Convention Center e outros pontos de interesse da cidade.
Recentemente, Musk sugeriu, no X, ter interesse no desenvolvimento do super trem, apesar do tom provocativo: "A Boring Company poderia fazer isso 1000x mais barato", disse ele ao mencionar a publicação do veículo Daily Loud sobre o projeto.
Mas a proposta ainda nem está no papel, e, por isso, está longe de sair dele. Por enquanto, são apenas proposições soltas, como aquela que deu origem à empresa de construção de túneis de Musk em 2016.
Mas, "se Musk pegar esse trabalho, há uma chance de que nós vejamos esse projeto [se realizar] ainda no nosso tempo de vida", afirma, esperançoso, o professor Flyvbjerg. "Seria um projeto de alto risco."