Na última sexta-feira (24), organizações ambientais foram surpreendidas por um comunicado da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (Usaid) informando a suspensão de recursos voltados para ações ambientais por 90 dias.
Sem especificar quais projetos serão afetados, a decisão deve comprometer iniciativas como a de proteção aos povos indígenas e pesquisas científicas na Amazônia. Pesquisadores ouvidos pelo jornal Folha de S. Paulo já consideram a interrupção de atividades e temem o encerramento de projetos em andamento.
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A embaixada americana ainda não forneceu detalhes sobre o montante suspenso nem sobre quantas iniciativas serão afetadas. Já a Usaid declarou que todos os repasses que não obtiveram aprovação do Departamento de Estado estão congelados, aguardando uma revisão detalhada.
Tomada após a posse de Donald Trump, a medida impacta diretamente parcerias entre Brasil e EUA, além de uma rede de pesquisa consolidada desde os anos 1980, que emprega centenas de profissionais nos dois países.
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Desde que reassumiu a presidência, Trump tem promovido mudanças na política ambiental americana, incluindo a saída do Acordo de Paris, a redução de incentivos a projetos sustentáveis e a priorização dos combustíveis fósseis. A nova diretriz do governo de extrema direita, e abertamente composto por negacionistas climáticos, estabelece que apenas iniciativas alinhadas à política externa do presidente continuarão recebendo apoio.
Histórico de parceria ameaçado
Entre as iniciativas financiadas pela Usaid no Brasil, destaca-se a Parceria pela Conservação da Amazônia, que engloba diversos programas voltados à preservação do bioma. Outra frente de atuação é a Mais Unidos, que apoia projetos de conectividade na região, manejo e restauração florestal, além de oferecer aulas de inglês para populações indígenas, ribeirinhas e quilombolas.
Entidades como WWF Brasil e o Instituto Internacional de Educação do Brasil (IEB) também são beneficiadas pelos recursos americanos. Em 2023, os EUA destinaram US$ 638 mil (cerca de R$ 3,7 milhões) ao Centro de Trabalho Indigenista (CTI), verba que agora está em risco.
A cooperação científica entre Brasil e EUA tem sido fundamental para a pesquisa sobre a Amazônia, com acordos que remontam a 1985, quando se iniciou o monitoramento da qualidade do ar na região. Essa parceria impulsionou a expertise brasileira em observação por satélite e resultou em projetos como o Programa da Biosfera-Atmosfera da Amazônia (LBA), desenvolvido em colaboração entre a Nasa e o Inpe.
*Com informações de Folha de S. Paulo