Um estudo publicado na revista Frontiers in Astronomy and Space Sciences revelou que uma tecnologia de laser avançada pode identificar micróbios fossilizados em minerais semelhantes aos encontrados em Marte. Caso a vida tenha existido no Planeta Vermelho, essa ferramenta pode ser a chave para detectar seus vestígios.
O destaque dessa pesquisa é um espectrômetro de massa a laser, projetado para missões espaciais, capaz de examinar amostras rochosas em detalhes microscópicos. Recentemente, cientistas testaram o equipamento em depósitos de gesso da Argélia, compostos por minerais de sulfato comparáveis aos marcianos. Os resultados trouxeram evidências importantes como filamentos microbianos fossilizados e bioassinaturas que indicam atividade biológica no passado.
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Se incorporada a futuras missões exploratórias, essa tecnologia pode transformar a busca por vida fora da Terra.
Como funciona a detecção de micróbios fossilizados
O espectrômetro de massa funciona ionizando partículas de uma amostra e analisando sua composição química. A versão utilizada nesse estudo inova ao integrar um sistema de ablação a laser, garantindo maior precisão e adaptabilidade para ambientes espaciais.
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O processo ocorre da seguinte forma: um feixe de alta energia atinge a superfície da rocha, vaporizando uma pequena fração sem causar danos térmicos significativos. O material vaporizado é então ionizado, permitindo que o espectrômetro identifique sua composição com extrema precisão. Os pesquisadores buscam bioassinaturas específicas, como carbono e minerais associados à atividade biológica, entre eles dolomita e argila, além de estruturas microscópicas fossilizadas.
Antes de levar essa tecnologia para Marte, testes foram realizados na pedreira Sidi Boutbal, na Argélia, uma região onde os depósitos de gesso se formaram durante a Crise de Salinidade Messiniana, período em que o Mar Mediterrâneo secou parcialmente. Essas condições resultaram em depósitos minerais semelhantes aos encontrados no solo marciano.
Indícios de vida microbiana
Combinando o espectrômetro de massa e a microscopia óptica de alta resolução, os cientistas identificaram filamentos fossilizados incrustados no gesso, rodeados por dolomita, argila e pirita – minerais que costumam se desenvolver na presença de organismos vivos. A presença da dolomita, em particular, reforça a hipótese de atividade biológica, já que sua formação costuma envolver processos biológicos ou condições extremas de temperatura e pressão. Se minerais similares forem encontrados em Marte, é possível que indiquem vestígios de vida passada.
De acordo com Youcef Sellam, pesquisador do Instituto de Física da Universidade de Berna e primeiro autor do estudo, a descoberta oferece um método para detectar bioassinaturas em minerais de sulfato marcianos, auxiliando futuras missões ao planeta. A pesquisa, ao comprovar que um espectrômetro de massa movido a laser pode identificar sinais de vida fossilizada na Terra, estabelece as bases para o uso dessa tecnologia em Marte.
Caso rovers e sondas equipados com esse sistema sejam enviados ao planeta, poderão analisar amostras marcianas em tempo real, procurando bioassinaturas que confirmem a existência de vida no passado. Além do impacto para a astrobiologia, o estudo também representa um marco para a Argélia, sendo a primeira pesquisa a utilizar amostras do país como referência para Marte.