Uma empresa norte-americana de exploração espacial, a Intuitive Machines, anunciou, em 8 de fevereiro, que sua próxima missão espacial — prevista para o final de fevereiro — deve envolver a instalação da primeira rede 4G na lua.
O 4G é a quarta geração das redes de telefonia móvel, um sistema que permite conectar dispositivos eletrônicos à internet sem fio em alta velocidade. Ele opera por meio de torres de transmissão, que enviam sinais em frequências de rádio específicas para os dispositivos móveis.
Te podría interesar
Em parceria com a Nokia, multinacional finlandesa de infraestrutura de telecomunicações, a Intuitive Machines deve integrar, agora, uma interface de comunicação lunar (a Lunar Surface Communication Systems, LSCS) ao Athena, seu módulo de pouso, que vai aterrissar no polo sul da Lua.
"Depois de meses de testes e validação com a Nokia Bell Labs", informa a empresa, "os engenheiros da Intuitive Machines instalaram a rede LSCS em um dos paineis de carbono do Athena", que viajará até a lua e empregará 14 pontos de montagem termicamente isolados a fim de sobreviver às temperaturas baixas do espaço profundo.
Te podría interesar
Dois veículos de mobilidade lunar, o Micro-Nova Hopper da Intuitive Machines e o Mobile Autonomous Prospecting Platform (MAPP) da Lunar Outpost, vão ser implantados na superfície do satélite, onde vão "usar módulos de dispositivos Nokia para estabelecer conexões com a rede no Athena" e possibilitar, assim, o uso de 4G/LTE na Terra, ‘transportando’ vídeo de alta definição da lua a partir dessa rede móvel, e, por ora, exclusivamente para os objetivos da missão.
"A Intuitive Machines espera transmitir os dados do LSCS de volta à Terra usando seu serviço [próprio] de transmissão de dados".
A ideia é estabelecer um precedente para que, no futuro, essa espécie de tecnologia celular com alta portabilidade possa oferecer conexão a missões espaciais tripuladas e não tripuladas — com o objetivo final de chegar a Marte “conectado”.
Mas a missão principal do módulo lunar da Intuitive Machines é, na verdade, encontrar gelo na superfície da lua — mais especificamente no seu polo sul, o ponto mais alto do satélite e região de grande interesse dos cientistas. Acredita-se que lá possa haver gelo em crateras que o sol não alcança, em que as temperaturas podem chegar a extremos de -230°C.
Dados coletados por missões anteriores já chegaram a detectar sinais de hidrogênio e água na lua, o que sugere a presença de gelo, provavelmente misturado ao regolito lunar (camada de solo que cobre a superfície da lua, formada por poeira, rochas e partículas milenares).
Evidências do instrumento de radar Mini-SAR, da NASA e da agência espacial indiana (ISRO), apontam para possíveis reflexos de gelo avistados durante missões de identificação das propriedades geológicas da lua.
A missão da Intuitive Machines vai "aproveitar" para fornecer tecnologia 4G do espaço, um movimento que tem crescido entre as operadoras. Satélites já orbitam a Terra a fim de fornecer conectividade a áreas remotas do planeta, e o número de dispositivos espaciais deve continuar a aumentar nos próximos anos.
Fora da Terra, esses pontos de conectividade podem oferecer maiores velocidades para a transferência de dados e um melhor alcance. Os riscos envolvem, por outro lado, a alta radiação espacial, suas temperaturas mais extremas e a dificuldade de conviver com as frequências altas operadas no espaço.
Isso porque as redes LTE de internet operam a uma frequência de rádio maior àqueles da radioastronomia, o que poderia interferir em observações astronômicas, notam especialistas.