De acordo com um comunicado da Rosatom, estatal russa do setor de energia nuclear, publicado nesta quinta-feira (20), um novo protótipo de motor elétrico de plasma (também conhecido como propulsor de plasma), que está em desenvolvimento há décadas e agora atingiu sua fase de testes, teria potencial para chegar a Marte em cerca de um ou dois meses.
Os motores de plasma são utilizados em espaçonaves para missões de longa duração, e funcionam a partir do empuxo gerado pela aceleração de partículas de plasma (altamente ionizadas), que se movem em campos elétricos ou magnéticos potentes.
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A ionização de gases neutros os transforma em plasma, íons carregados que impulsionam naves espaciais (ou satélites, em que também costumam ser usados) de forma mais eficiente do que motores químicos, e consideravelmente mais rápida. No espaço profundo, motores de plasma podem revolucionar a velocidade das missões — e seu alcance.
Atualmente, viajar a Marte é o objetivo de grande parte das empresas de tecnologia espacial — a SpaceX, do bilionário Elon Musk, pretende alcançar Marte com missões não tripuladas até 2026, e levar humanos ao planeta até 2054.
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Hoje, uma viagem do tipo poderia levar cerca de um ano, mas o tempo é o menor dos problemas: deve-se primeiro entender como fugir dos altos níveis de radiação do espaço, como melhorar a eficiência de combustíveis para sustentar o empreendimento e garantir seu retorno seguro, e ainda desafiar a microgravidade (que, se experimentada durante muitos meses, pode levar a problemas extremos de saúde, como perda óssea, atrofia muscular e problemas cardíacos).
Já em Marte, os desafios são outros: partem de sua atmosfera muito fina, 100 vezes menos densa que a da Terra; suas tempestades de poeira, que podem durar meses; e suas médias de temperatura absurdas, que chegam a -63°C.
A tecnologia anunciada pela Rosatom, no entanto, pretende reduzir ao menos o primeiro desses desafios: a possibilidade de alcançar Marte em menos tempo. Aliás, em um tempo surpreendentemente menor, de acordo com a gigante de energia.
"Motores de plasma podem reduzir [o tempo de viagem a Marte] para 30 ou 60 dias, tornando possíveis missões de ida e volta significativamente mais seguras", afirmou Aleksei Voronov, o vice-diretor do Instituto de Pesquisa da empresa.
O motor de plasma da Rosatom chegaria a 300kW de potência média, o suficiente para atingir 100 km/s (atualmente, a velocidade máxima dos motores é de cerca de 4,5 km/s).
Um outro ponto seria a eficiência de combustível desse motor, até 10 vezes maior do que aquela dos motores convencionais.
Se a tecnologia se provar eficaz, afirma o comunicado da Rosatom, "poderá ser integrada a rebocadores espaciais nucleares, espaçonaves para exploração do espaço profundo e missões tripuladas para Marte".