PANE GLOBAL

"Tela Azul da Morte": Microsoft faz mea culpa sobre apagão cibernético no mundo

A empresa ainda indicou um link em seu site para acompanhamento da manutenção. No Brasil, Azul e Bradesco acusaram falhas em seu sistema

Sede da Microsoft.Créditos: Pixabay / trazika
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A Microsoft, empresa fundada pelo bilionário Bill Gates, foi às redes sociais e fez mea culpa sobre o apagão cibernético global, que que está gerando caos em voos, hospitais, bancos e telecomunicações em todo o mundo nesta sexta-feira (19).

"Tivemos um incidente de armazenamento na região central dos EUA que teve impacto downstream em vários serviços do Azure", diz a empresa sobre seu serviço de armazenamento de dados em nuvem, as chamadas clouds, que armazenam informações de diversos setores no mundo, de bancos a sistemas de manuseios de aeroportos.

Segundo a Microsoft, o problema foi amenizado, "mas ainda estamos no processo de validação da recuperação para uma pequena porcentagem desses serviços downstream".

"Isto foi comunicado aos clientes afetados através do painel de integridade do serviço no portal do Azure", segue.

A empresa ainda indicou um link em seu site para acompanhamento do trabalho dos técnicos - acesse aqui.

Às 10h30, a Microsoft informou que a pane começou por volta das 19h (horário local) desta quinta-feira (18) e afeta "máquinas virtuais executando Windows Client e Windows Server", que rodam juntamente com o sistema de cibersegurança CrowdStrike Falcon.

A questão já havia sido levantada pela Microsoft em seu pronunciamento na rede X.

"Também estamos cientes de um problema que afeta máquinas virtuais que executam o Windows, executando o agente CrowdStrike Falcon, que pode encontrar uma verificação de bug (BSOD) e ficar preso em um estado de reinicialização", afirma.

Também na rede X, George Kurtz, CEO da empresa de cibersegurança CrowdStrike, afirmou que o apagão teria sido causado por "um defeito encontrado em uma única atualização de conteúdo para hosts Windows"

"A CrowdStrike está trabalhando ativamente com clientes afetados por um defeito encontrado em uma única atualização de conteúdo para hosts Windows. Os hosts Mac e Linux não são afetados", diz o executivo, ressaltando que "este não é um incidente de segurança ou ataque cibernético".

Brasil

Ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho se pronunciou nas redes sociais sobre o apagão global de tecnologia.

"Bom dia pessoal! Recebemos a notícia de que companhias aéreas ao redor do mundo estão sendo afetadas em suas operações devido um apagão cibernético. Até o presente momento, não tivemos impacto nas operações dos aeroportos brasileiros. Vamos continuar monitorando ao lado da Anac para que o nosso transporte aéreo não tenha prejuízos", disse.

O ministro das Comunicações, Juscelino Filho, foi na mesma linha.

"Em relação ao apagão cibernético global, estamos desde as primeiras horas do dia monitorando os impactos no Brasil. A equipe técnica do Ministério das Comunicações mantém uma extensa varredura e, felizmente, não foi detectado nenhum problema nos serviços de telecomunicações, até o momento", escreveu.

No entanto, a Azul Linhas Aéreas informou  informou em comunicado que voos operados pela empresa podem sofrer "atrasos pontuais" devido a "intermitência no serviço global do sistema de gestão de reservas".

"A Azul informa que, devido intermitência no serviço global do sistema de gestão de reservas, alguns voos podem sofrer atrasos pontuais. A recomendação é que os clientes que possuem voo hoje e ainda não realizaram o check-in cheguem ao aeroporto mais cedo e dirijam-se ao balcão de atendimento da companhia. A Azul lamenta eventuais transtornos causados aos clientes", diz a empresa.

O Bradesco também informou que a pane afetou suas plataformas digitais.

"Em virtude de um apagão cibernético global que afeta várias empresas no mundo, os sistemas dos canais digitais do Bradesco apresentam indisponibilidade nesta manhã. Equipes estão atuando para regularização o mais breve possível. Os terminais de autoatendimento do banco funcionam normalmente", afirma o banco.

Falha global

A falha global nas chamadas "clouds", as nuvens que armazenam dados, está interferindo com a comunicação pela internet em vários pontos do mundo, principalmente nos setores de transportes, saúde, finanças, telecomunicações e mídia.

De acordo com o website que monitora distúrbios técnicos Downdetector, desde a noite véspera, haviam sido registrados picos repentinos de incidentes em sites que utilizam aplicativos da Microsoft. Contrariando os temores iniciais, fontes do governo britânico adiantaram que os distúrbios não estão sendo tratados como um ciberataque.

"Chegou ao nosso conhecimento um problema impactando máquinas virtuais operando no Windows, empregando o agente Falcon da Crowdstrike que podem encontrar um bug check (BSOD) e ficar emperradas num estado de reinicialização", diz o site.

Nos Estados Unidos, a aviação foi severamente prejudicada, com centenas de voos atrasados ou cancelados. No Reino Unido, as transmissões de televisão foram interrompidas, enquanto na Austrália, as telecomunicações enfrentaram problemas de conectividade.

American Airlines, Delta Airlines, United Airlines e Allegiant Air anunciaram a suspensão de seus voos menos de uma hora após a Microsoft declarar ter resolvido uma falha significativa em seus serviços de nuvem. A interrupção tecnológica afetou várias companhias aéreas de baixo custo, gerando um efeito cascata que levou as grandes operadoras a tomarem medidas preventivas.

Outras interrupções tecnológicas foram registradas. No Alasca, o serviço de emergência 911 ficou indisponível, comprometendo o atendimento à população em casos de urgência. Bancos e serviços de mídia sofreram interrupções, com algumas lojas sendo obrigadas a fechar temporariamente as portas na Austrália. Na Nova Zelândia, clientes de alguns bancos também enfrentaram dificuldades para acessar suas contas.

A empresa ferroviária nacional do Reino Unido alertou para possíveis cancelamentos de trens devido à instabilidade nos sistemas. O canal de notícias Sky News chegou a ficar fora do ar por problemas na transmissão ao vivo e sistemas de computadores do serviço público de saúde inglês também foram afetados.