O telescópio espacial James Webb capturou imagens inéditas da Nebulosa do Anel que mostram como o Sol poderia ficar quando "morrer". Os registros da Nasa (Administração Nacional de Aeronáutica e Espaço, em tradução livre) exibem as últimas etapas da nébula Messier 57, que contém uma estrela anã branca em seu centro.
Localizada a 2.300 anos-luz da Terra, a Nebulosa do Anel tem melhor observação em agosto, segundo a Nasa. A partir das imagens, os cientistas estudam o formato de rosca da nébula e sua composição química, além das características do estágio final de uma estrela.
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A Messier 57 (M57) se originou de uma estrela da constelação Lyra e liberou suas camadas no espaço, de modo a revelar suas cores vibrantes – azul escuro representa o hélio, azul claro é o brilho de hidrogênio e oxigênio e a tonalidade vermelha é do nitrogênio e enxofre. Essas informações foram captadas pela NIRCam (câmera quase infravermelha).
O detalhamento das imagens também impressiona. É possível observar a estrutura filamentosa do anel interno, com mais de 20 mil glóbulos de hidrogênio molecular na nébula. A região interna apresenta gases em alta temperatura e o anel externo contém uma camada de móleculas compostas, majoritariamente, por carbono – os hidrocarbonetos policíclicos aromáticos, presentes predominantemente como vapor ou ligados à formações de partículas.
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Como a M57 se relaciona com o Sol?
A Nebulosa do Anel pode representar o processo de "morte" do Sol, ocorrência estimada para acontecer daqui cinco bilhões de anos. O protagonista do sistema solar deve seguir os passos da estrela do M57: transformar-se em uma estrela gigante vermelha, com volume 100 vezes maior do que o atual, e em seguida, expelir gases e poeira.
Nesta etapa de transformação, o núcleo passa a ser categorizado como uma estrela anã branca, o produto final da vida deste tipo de corpo celeste. O Sol, por exemplo, teria o tamanho da Terra, mas uma massa ainda maior do que já possui.
Nebulosas planetárias, como a do M57, contém nuvens de gases e poeiras espaciais brilhantes, o que favorece a observação por telescópios. Sua estrutura é voltada para o planeta Terra e favorece a visibilidade, com uma estrela no meio e anéis de compostos expelidos por ela em seu redor.
O telescópio James Webb
Nomeado a partir do administrador da Nasa entre 1961 e 1968, durante o programa Apollo, o telescópio espacial foi lançado em dezembro de 2021, com o objetivo de "transformar nossa concepção do universo". De acordo com o site oficial, o Webb se constrói a partir dos legados de telescópios anteriores para expandir os limites do conhecimento humano.
"Nebulosas planetárias eram compreendidas como objetos simples e arredondados, com uma estrela em processo de morte no centro. [...] Em uma última despedida, o núcleo ioniza ou aquece, expele gases e, em resposta, a nébula emite luzes coloridas. Observações modernas, no entanto, mostram que a maioria das nebulosas planetárias mostram muita complexidade. Surge a dúvida: como estrelas esféricas criam formas tão delicadas e não esféricas?"
Roger Wesson, astrônomo da Universidade de Cardiff envolvido no James Webb
As informações da Nebulosa do Anel são semelhantes aos registros da Nebulosa do Anel do Sul, as primeiras imagens disponibilizadas pelo telescópio. Elas exibem as estruturas finais de uma estrela em fase de "morte".