Uma Inteligência Artificial desenvolvida por cientistas ajudou a identificar três compostos que retardam o envelhecimento humano. O algoritmo desenvolvido por eles ajudou a descobrir de modo mais eficiente os compostos responsáveis por remover as chamadas células senescentes.
Como funciona o envelhecimento
Ao longo da vida, ocorrem diversas divisões celulares no corpo, necessárias para a renovação dos tecidos e do crescimento do corpo humano, mas, em alguns casos, essas células param de se dividir de forma permanente, e, ao contrário do que se esperava, permanecem em nosso corpo. Assim, elas causam danos aos tecidos e levam ao envelhecimento dos sistemas corporais e dos órgãos.
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Alguns estudos já mostraram substâncias senolíticas promissoras. Agora, cientistas da Universidade de Edimburgo conseguiram desenvolver um método pioneiro de busca de compostos químicos que identificam quais são seguros, porém efetivos na eliminação de células com defeito.
O início do processo foi com o desenvolvimento de um modelo de aprendizado de máquina, treinado a fim de reconhecer as características chave de compostos químicos que obtivessem propriedades senolíticas.
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Os dados chegaram de muitas fontes distintas, como artigos acadêmicos e patentes comerciais, integrados com duas bibliotecas químicas com compostos aprovados por órgãos de regulamentação ou em estágio de testes clínicos.
Foram 2.523 compostos incluídos pelo banco de dados completo, tanto com propriedades senolíticas quanto não senolíticas. Depois do treino, o algoritmo foi usado para analisar mais de 4.000 compostos químicos, dos quais foram obtidos 21 candidatos para a confecção de um medicamento para combater as células do envelhecimento.
Ao todo 3 compostos foram descobertos na testagem dos candidatos, são eles: a ginkgetina, a periplocina e a oleandrina — as quais removem células senescentes sem afetar células saudáveis. Das três, a oleandrina se mostrou a mais eficiente. Vale lembrar que todas são produtos naturais já encontrados na medicina herbal tradicional.
Propriedades naturais
A planta oleandro, ou loendro (Nerium oleander), cria a oleandrina, que tem propriedades parecidas com o remédio digoxina, utilizado para tratar arritmias e falência cardíaca. Estudos já mostraram que ela também tem propriedades anti-HIV, anti-inflamatórias, antimicrobianas, antioxidantes e anticâncer.
No entanto, ela é altamente tóxica em níveis acima dos terapêuticos, uma janela muito pequena nos humanos. Por esse motivo, agências reguladoras não aprovam a oleandrina como suplemento alimentar ou medicamento.
O segundo composto é a ginkgetina, que assim como a oleandrina, tem propriedades antimicrobianas, anti-inflamatórias, antioxidantes, anticâncer e neuroprotetoras. A ginkgetina é extraída do ginkgo ou nogueira-do-japão (Ginkgo biloba), uma espécie de árvore mais antiga a ter as sementes e folhas utilizadas na medicina herbal chinesa.
Ela é um dos suplementos herbais mais vendidos do planeta, com extratos altamente concentrados da planta, produzidos a partir de suas folhas secas, e podem ser comprados sem receita por todo o mundo.
Já a periplocina é isolada da periploca ou periploca-da-china (Periploca sepium), que pesquisas já apontaram contribuir para melhores funções cardíacas, bem como inibir o crescimento celular e causar morte celular em células cancerígenas.
De acordo com pesquisadores, os achados mostram uma eficiência desses componentes em nível comparável a senolíticos encontrados em outros estudos, bem como de facilitar a procura de compostos pelo novo método.
Acima dos valores dos métodos tradicionais, a nova tecnologia de inteligência artificial propiciou um avanço científico muito bem-vindo a doenças com biologia complexa ou poucos alvos moleculares conhecidos. Os métodos tradicionais envolvem testes pré-clínicos e clínicos, bastante trabalhosos, especialmente no início da descoberta dos compostos.
*Com informações de CanalTech