A pergunta sobre os limites do uso da inteligência artificial ainda permanece sem resposta. Em Porto Alegre, o ChatGPT foi empregado pela primeira vez na redação de uma lei que recebeu aprovação unânime na Câmara de Vereadores e foi sancionada pelo prefeito Sebastião Melo (MDB), no último dia 23. Curiosamente, a "autoria" do projeto só foi revelada após a conclusão da tramitação. Além desse fato recente que soma a tantos outros, a IA completou um ano de lançamento.
O vereador Ramiro Rosário (PSDB) apresentou um projeto de lei que isenta os moradores de Porto Alegre do pagamento pela substituição do medidor de consumo de água, em caso de furto. o vereador solicitou que o ChatGPT elaborasse integralmente uma "legislação municipal para Porto Alegre, originária do poder legislativo e não do executivo, que trate da proibição de exigir que o proprietário do imóvel arque com os custos de um novo medidor de água fornecido pelo Departamento Municipal de Água e Esgoto (DMAE) em casos de furto."
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Posteriormente, o ChatGPT elaborou oito artigos e uma justificativa, os quais foram submetidos ao sistema interno da Câmara de Vereadores da cidade sem modificações. O texto passou por revisão, correção ortográfica e ajustes à linguagem legislativa realizados pela Seção de Redação Legislativa, resultando em dois artigos, sendo um deles composto por vários incisos, na versão final. Assim, o projeto foi encaminhado às comissões, que o aprovaram, e, em seguida, submetido à votação no plenário.
“Nossa estratégia foi não comentar com ninguém que havia sido feita por inteligência artificial, justamente para deixar tramitar normalmente e fazer esse experimento. Escolhemos um projeto de lei que fosse simples e fugisse de temas polêmicos. A inteligência artificial não se limitou a entregar o texto que eu propus, ela foi além: propôs prazos e incluiu esse artigo, que não tínhamos pensado. Eu achei sensacional”, disse o vereador.
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Um ano do ChaGPT no mundo
Avanços esperados, polêmicas, problemas e questões surgiram em decorrência do lançamento da nova ferramenta no dia 30 de novembro de 2022. Ao longo de um ano, o chatbot de inteligência artificial desenvolvida pela OpenAI causou um impacto significativo tanto na indústria tecnológica quanto na sociedade em geral. Sua rápida adoção pelo público resultou em diversas implicações para as atividades humanas.
Responsável por atrair a atenção de todos, o programa otimizou os processos de criação, intensificou os debates entre governos acerca de segurança e impacto social, e desencadeou uma "corrida da IA". Essa corrida, ao mesmo tempo em que impulsionou o mercado e suscitou preocupações entre especialistas de diversas áreas. Demonstrando o impacto do algoritmo, uma pesquisa conduzida pela Collins, um dicionário inglês, revelou que o termo foi o mais buscado de 2023.
Entre as principais polêmicas acumuladas pela IA ao longo desse tempo, estão as autorias das respostas dadas aos usuários, os direitos autorais de artistas, designers e ilustradores, bem como a cultura de um modo geral, a promoção de discurso de ódio e textos preconceituosos, a recente crise interna e a demissão do CEO, além do seu suposto uso da base de dados da internet e de jornais, como The Washington Post.