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Elon Musk: Bloqueio à publicação homofóbica teria sido decisivo para compra de Twitter

Outros dois fatores teriam sido determinantes para a compra do Twitter por Musk: a suspensão do perfil de Donald Trump e a aproximação com o ex-CEO da rede, Jack Dorsey.

Elon Musk em live com Jack Dorsey, ex-CEO do Twitter.Créditos: Reprodução/Youtube
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Garoto mimado desde os tempos em que o pai fazia fortuna com a exploração de metais preciosos no continente africano, Elon Musk teria se decidido a comprar o Twitter após a rede social suspender o perfil do site satírico Babylon Bee por causa de uma publicação homofóbica em março deste ano.

Reportagem do site The Wall Street Journal neste sábado (30) conta os bastidores do processo que resultou na compra do Twitter por Musk - o negócio foi fechado na última segunda-feira (25), por US$ 44 bilhões.

Musk teria antecipado a compra do Twitter em ligação ao CEO da Babylon Bee, Seth Dillon, para quem ligou indignado ao ver que o site satírico teve o perfil suspenso por zombar de uma funcionária transgênero do governo que teria ganhado o título de "homem do ano"

"Durante a ligação, de acordo com Dillon, Musk pediu para confirmar que era verdade que o site havia sido suspenso pela infração e pensou que talvez precisasse comprar o Twitter", diz a reportagem do WSJ.

Relação com ex-CEO e revolta com Trump

A reportagem ser refere ainda a outros dois fatores que teriam sido determinantes para a compra do Twitter por Musk: a suspensão do perfil de Donald Trump em 2021 e a aproximação com o ex-presidente-executivo da rede, Jack Dorsey, que foi pressionado a renunciar ao cargo por se contrapor às políticas da empresa.

Segundo a reportagem, Musk continua consternado com o fato de o ex-presidente Donald Trump ainda estar impedido de participar da plataforma.

Ele teria prometido recolocar Trump na rede, assim como outras figuras da extrema-direita ultraconservadora que foram banidas, como o "provocador" Charles C. Johnson, banido em 2015 por tuites pedindo angariação de fundos para “eliminar” um proeminente ativista do Black Lives Matter.

Já a aproximação com Dorsey começou em 2020, quando o ex-CEO do Twitter ligou para Musk e a ligação em vídeo foi compartilhada na tela de um evento em Houston.

Dorsey pediu a Musk que escolhesse um único tuite para representar a si mesmo. "Eu coloquei a arte no peido", respondeu Musk, então com 48 anos.

A partir daí, Musk encontrou um aliado dentro da direção do Twitter, que estaria levando os interesses do bilionário para o comando da rede, o que o levou à pressão por seu desligamento.

As críticas de Musk à "censura" na rede aumentaram a partir da invasão do Capitólio em 6 de janeiro pela horda trumpista.

No período que antecedeu o tumulto, Trump postou tuites que os executivos do Twitter consideraram incitadores à violência. Dorsey inicialmente se opôs ao banimento de Trump da plataforma, mas passou a ver a medida como necessária sob as regras do Twitter, disseram pessoas familiarizadas com a decisão.

A medida irritou Musk, que já havia se descrito como “meio democrata meio republicano” e mandou recado ao Twitter a partir de seu "número 2", Jared Birchall: "Ele discorda veementemente da censura. Especialmente para um presidente em exercício".

Fora do Twitter, Dorsey se aliou a Musk nas críticas à rede. "Elon é a solução singular em que confio", tuitou Dorsey em 25 de abril, dia em que o Twitter aceitou a oferta de Musk. “Confio em sua missão de estender a luz da consciência".

A aquisição do Twitter pelo amigo também deve turbinar a participação de Dorsey, que pode lucrar até US$ 1 bi com o negócio, e pode ter como missão reativar perfis banidos pela rede, como o de Trump.