A deputada estadual de Santa Catarina, Ana Campagnolo (PL), estava acompanhada de três assessores nesta quarta-feira (26) quando sofreu um acidente rodoviário na BR-101, em Imbituba, ao sul de Florianópolis.
“Tivemos nosso carro prensado por um caminhão contra o guard rail da BR-101, entre os compromissos de trabalho de hoje na região sul [do Estado]”, declarou Campagnolo em suas redes sociais.
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O caminhão teria fechado o carro da parlamentar, empurrando-o contra o muro de proteção na lateral da pista. De acordo com o depoimento da deputada, ninguém se feriu.
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A Polícia Rodoviária Federal (PRF) confirmou que os únicos danos impostos pelo episódio foram materiais. A parlamentar e sua equipe foram atendidas pela PRF e decidiram fazer um registro digital da ocorrência posteriormente.
Ana Campagnolo e Brasil Paralelo
Ana Campagnolo é a professora de História bolsonarista que ganhou notoriedade atuando junto ao site Brasil Paralelo. Costuma abordar especificamente a questão da mulher e do feminismo, uma pauta que o bolsonarismo tem se ocupado em desmerecer desde a sua gênese.
Em uma “aula grátis” sobre feminismo, ela cita correntes mais radicais, anticlericais e revolucionárias, como um contraponto totalizante do que seria a “mulher feminista” em relação ao que define como “mulher feminina”, que seria casada, religiosa, quer ter uma vida tranquila e, é claro, vota na direita e acredita nas bobagens da Brasil Paralelo.
Ela desenvolve seu pensamento, inclusive, apontando que amplos setores femininos na Europa do fim do século XIX e início do XX seriam contrárias ao sufrágio universal e outros direitos democráticos por não terem interesse em adquirir o que chamou de “responsabilidades políticas”.
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Em entrevista à Revista Fórum, Mayara Balestro - historiadora e pesquisadora paranaense que investiga exatamente a Brasil Paralelo – comentou o discurso de Ana Campagnolo.
“Tenho acompanhado e mapeado essa abordagem sobre o feminismo e me chamou a atenção exatamente a atuação da Ana Campagnolo. Eles publicaram recentemente o filme “A face oculta do feminismo”, eu assisti por conta da minha pesquisa e pude notar que nessa deformação do que é o movimento feminista há uma tentativa de deslegitimá-lo batendo na pauta da ‘ideologia de gênero’ e colocando-a dentro da narrativa exposta pela Ana Campagnolo. Nessa abordagem há uma manipulação do pensamento feminista na qual ela tenta reduzi-lo a pautas relacionadas com o pânico moral e o autoritarismo típicos dos setores de extrema direita atuais. E ao longo dessa abordagem, vai culpabilizar os movimentos feministas por uma suposta destruição da família e dos valores, e colocá-lo ao lado do comunismo e do marxismo, dentro do que concebem como tal. Vão dizer que o movimento feminista degrada a família sem em nenhum momento apresentar um material bibliográfico para discutir sobre a temática”, explicou.
Mayara Balestro aponta que na plataforma própria da empresa há artigos que falam sobre o movimento feminista, todos partindo da abordagem da Ana Campagnolo.
“O próprio título da produção, ‘o lado oculto do feminismo’, dá essa pista, ou seja, qual lado é esse que o movimento feminista está tentando esconder? É bem interessante pensar que essa abordagem da Ana Campagnolo vai, depois, se relacionar com o bolsonarismo e o próprio governo Bolsonaro, dando munição para as milícias ideológicas, principalmente em cima da questão da ‘ideologia de gênero’ e das próprias pautas do movimento feminista no Brasil contemporâneo”, concluiu.
Clique aqui e leia a entrevista com Mayara Balestro na íntegra.