O vereador carioca Carlos Bolsonaro (PL), filho do presidente da República, foi intimado nesta terça-feira (18) pelo ministro Benedito Gonçalves, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), para se manifestar numa ação impetrada na corte pela campanha do ex-presidente Lula (PT) na qual é acusado de propagar fake news.
Na determinação do magistrado do tribunal mais alto da Justiça Eleitoral, Carlos é instado a explicar “a utilização político-eleitoral de seus perfis nas redes sociais” para difundir informações falsas atacando o candidato à Presidência que é adversário de seu pai.
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Ainda na mesma decisão, Gonçalves ordenou que a plataforma de vídeos YouTube desmonetize (não permita lucro financeiro) quatro canais que dão suporte a Jair Bolsonaro (PL), entre eles a produtora de conteúdos de extrema direita e revisionistas Brasil Paralelo. Os sites bolsonaristas Foco do Brasil e Folha Política também foram alvo da desmonetização e qualquer conteúdo desses portais relacionados à eleição que for impulsionado estará sujeito a multa diária de R$ 50 mil.
Um “documentário” chamado "Quem mandou matar Jair Bolsonaro?", que a Brasil Paralelo lançaria a seis dias do segundo turno das eleições, também foi vetado pelo ministro do TSE. Se a determinação for descumprida, quanto ao "documentário", a multa para a Brasil Paralelo é de meio milhão de reais por dia.
O ministro classificou como “preocupante” tantos canais e plataformas repercutindo informações falsas para beneficiar Bolsonaro em sua campanha pela reeleição, que além dos prejuízos que traz à democracia, ainda movimenta um mercado milionário.
“(As plataformas e canais que distribuem fake news) Além disso, movimentam vultosos recursos financeiros, tanto arrecadados junto a assinantes e via monetização, quanto gastos em produção e impulsionamento de conteúdos”, afirmou Gonçalves no documento.
A historiadora Mayara Balestro, que pesquisa as novas direitas reacionárias brasileiras, inclusive os expedientes utilizados pela Brasil Paralelo, afirmou à Fórum que não ficou surpresa com o volume investido pela produtora para alavancar a reeleição de Bolsonaro e completou explicando sobre a importância de se compreender como esses organismos agem para criar essa atmosfera de disseminação sistemática de mentiras.
"Quando recebi a notícia não fiquei chocada ou impactada, a capacidade de estratégia de marketing da Brasil Paralelo com temas relacionados a política vendo sendo potencializada nas redes (em especial anúncios do Facebook e YouTube) cotidianamente. Uma empresa que gasta R$ 411 mil em anúncios políticos pode gastar tranquilamente R$ 715 mil em anúncios sobre temas sociais, eleições e política. A iniciativa por parte da empresa potencializa a candidatura de Jair Bolsonaro nas redes e enfraquece a figura do Lula (eis que é o modus operandi da extrema direita). Compreender o "ecossistema de desinformação" é compreender o nosso próprio futuro e preservar a democracia brasileira", disse Mayara.