Paulo Sérgio de Andrade, ex-gerente de segurança do Esporte Clube Pinheiros, instituição poliesportiva da zona oeste de São Paulo, foi demitido no dia 27 de fevereiro deste ano. O funcionário teve condenações por assédio sexual e moral abafadas por mais de uma década, indica apuração da Revista Piauí.
Ele foi funcionário do clube por mais de 30 anos, desde 1992, quando foi contratado e passou a ocupar cargos de confiança na segurança no clube. Nesse período, foi processado quatro vezes, entre 2011 e 2021, e teve sua conduta exposta neste ano.
Te podría interesar
Em fevereiro, o conselheiro e advogado Bruno Milioli levantou a ficha do então chefe de segurança após uma falha no sistema de proteção ao clube, em que teve sua bolsa furtada após deixá-la em um espaço de convivência vizinho à sede social.
Para encontrar o objeto e o criminoso, Minioli pediu imagens do circuito interno de vigilância, mas as recebeu com um corte de 17 minutos, intervalo em que o furto teria ocorrido. Procurado pelo conselheiro, o Pinheiros justificou com problemas na configuração do equipamento utilizado e ressarciu a vítima.
Te podría interesar
Minioli, contudo, estranhou o comportamento da equipe de segurança e decidiu averiguar o caso por conta própria. Assim, procurou pela ficha de Paulo Sérgio de Andrade, a fim de conferir outras condutas inconsistentes em sua gestão na área.
Os quatro casos
O advogado encontrou quatro registros de processos trabalhistas por assédio contra Andrade. No primeiro, de 2011, uma mulher relata ter sido agarrada e beijada à força pelo então chefe de segurança, que também teria proferido adjetivos como "prostituta" e "cachorra". Após julgamento, o Pinheiros arcou com a indenização de R$ 7 mil.
Dois anos depois, o funcionário foi condenado por um caso de racismo, que finalizou em uma segunda indenização, no valor de R$ 15 mil. O racismo está previsto como crime na lei desde 1989, com possibilidade de reclusão de um a três anos.
Em 2014, outra mulher abriu uma ação judicial, alegando ter sofrido assédio moral. Conforme seus relatos, ela teria sido constrangida quando era subordinada de Andrade, sendo impedida de usar o banheiro e instruída a urinar em um copo. A Justiça condenou o chefe de segurança em R$ 10 mil.
O quarto processo foi aberto em 2021, quando uma trabalhadora do clube o acusou de importunação sexual, em caso que ele teria a perseguido e monitorado através das câmeras de vigilância. Ele foi considerado culpado e condenado ao pagamento de R$ 50 mil, cobertos pelo Pinheiros.
Em nota, o Pinheiros afirma não tolerar nenhum tipo de assédio ou má conduta por parte de seus colaboradores e associados, além de possuir canais internos que apuram as denúncias com profundidade.