O menino Ryan da Silva Andrade Santos, de 4 anos, foi assassinado em troca de tiros da polícia, quando brincava em frente à casa da prima, na noite de terça-feira (5), no Morro São Bento, em Santos, litoral paulista.
O enterro, na manhã desta quinta (7), foi marcado pela intimidação de agentes da Polícia Militar (PM), do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos).
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Durante vários momentos, do velório ao sepultamento, policiais da corporação estiveram presentes nos arredores da cerimônia. Uma viatura, inclusive, impediu a passagem dos familiares e amigos durante o cortejo do corpo pelo Morro São Bento, onde aconteceu o assassinato.
O menino foi morto durante uma ação policial. A PM, em coletiva de imprensa, admitiu que o tiro partiu “possivelmente” da arma de um policial.
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Duas viaturas do 6º Batalhão de Polícia Militar do Interior se posicionaram ao lado do velório, próximo da entrada do morro. Indagados por lideranças de movimentos sociais e familiares, eles recuaram e saíram.
Em seguida, durante o cortejo, uma viatura do Choque fechou uma rua do Morro São Bento e impediu a passagem do corpo seguido de motos e carros.
O coronel Rogério Nery Machado, comandante da PM na Baixada Santista e no Vale do Ribeira, afirmou ao Globo que “a viatura estava em patrulhamento naquela área, visando a segurança das pessoas presentes”.
Valmor Racorti, coronel comandante do Policiamento de Choque, por sua vez, afirmou que os agentes não tinham ordem para impedir o cortejo “de forma alguma”.
“Não era a orientação. Essa área é de patrulhamento. Eles estavam parados na Rua Nove, o cortejo entrou na rua. Eles manobraram a viatura, realmente seguraram o cortejo por segurança para a viatura não ficar no meio do cortejo e saíram. A intenção não era interromper o cortejo, mas sim por questão de segurança retirar a viatura”, acrescentou.
Pai foi vítima da Operação Verão
O pequeno Ryan relatava insistentemente à mãe, Beatriz da Silva Rosa, um anseio em relação ao pai. Mesmo de muletas, por uma deficiência nas pernas, Leonel Andrade Santos, de 36 anos, pai do menino, foi fuzilado por PMs do Comando de Operações Especiais (COE), em fevereiro de 2024.
O assassinato aconteceu durante a Operação Verão, desencadeada pelo governo Tarcísio, que deixou 56 civis mortos na Baixada Santista em cerca de três meses.
Parentes de Leonel dizem que a PM impediu que uma equipe de socorro chegasse até ele, que foi levado juntamente com um amigo, Jefferson Ramos de Miranda, já sem vida para a Santa Casa de Santos.
Em entrevista ao site Metrópoles, Beatriz Rosa revelou que o filho, de 4 anos, tinha um anseio em relação ao pai, Leonel, que falava para todos na família - e causava preocupação na mãe.
“Todo dia eu tenho que explicar. Todo dia eles perguntam do pai. Esses dias meu filho mais novo [Ryan} falou: ‘Mamãe, eu quero morrer’. Aí, eu desviei o olhar, tentei conversar de outra coisa para ver se ele se distraía. E ele repetia: ‘Mamãe, olha para mim, eu quero morrer, e tem que ser agora, porque eu quero ver meu pai’. ‘Filho a gente não pode antecipar isso, Deus vai preparar nossa hora e um dia a gente vai rever o papai, mas por enquanto a gente vai ter que caminhar’”, contou.
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