Após mais de seis anos de espera por justiça, começa nesta quarta-feira (30) o julgamento de Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz, acusados de assassinarem a vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes em março de 2018.
Lessa e Queiroz, que estão presos fora do estado do Rio de Janeiro, participaram de forma remota. Além deles, a assessora Fernanda Chaves, a única sobrevivente do crime, a mãe de Marielle, Marinete da Silva, sua irmã e atual ministra Anielle Franco, Monica Benício, viúva de Marielle, e Agatha Reis, viúva de Anderson também participaram da sessão como testemunhas.
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A primeira pessoa a falar com a assessora Fernanda Chaves e, logo em seguida, por volta de 12h, foi a vez de Marinete. Muito emocionada, ela relembrou a dor que sentiu ao receber a notícia do assassinato da filha.
"Eu me via nitidamente em um delírio de uma mãe, pois naquele momento eu não conseguia acreditar que aquilo tudo era verdade. Às vezes eu não consigo me recordar daquelas noites que passei. Seria insanidade de uma mãe achar que a filha ainda estava viva? Não. Era a dor que ultrapassava meu peito em tão poucos dias”, disse.
“Parecia que não era real. Não criei ódio no meu coração, criei muita dor. Quem sou eu para questionar a Deus. O livre arbítrio daqueles homens, daqueles covardes. Deus não queria isso. Nem minha filha, nem o Anderson", acrescentou Marinete. Ela também declarou que agora, depois de seis anos à espera por justiça, terão uma vitória. "Não é tudo, mas é o que a gente espera."
Marinete também comentou sobre o longo tempo de espera até o dia em que veria os assassinos de sua filha serem finalmente julgados e condenados. “Foi muito duro chegar até aqui. Eu nunca desisti desse dia, de ganhar essa confiança da defensoria, que passou a ser uma extensão da minha casa, da minha história com a minha filha”, afirmou.
“Eu não caminhei para o fim. Caminhei para o início. Por isso, estamos aqui hoje”, completou ela em relação à expectativa sobre a condenação dos réus.
Veja abaixo a coletiva de imprensa com os familiares de Marielle em frente ao 4º Tribunal do Júri do Rio, no Centro do Rio de Janeiro.
O julgamento de Lessa e Queiroz está previsto para durar dois dias, até esta quinta-feira (31). A primeira sessão ainda ocorre na tarde desta quarta-feira (30) e é possível assistir pelo link abaixo.
Atos pedem condenação em julgamento de acusados por assassinato
Dois atos simultâneos por justiça e memória à vereadora e ao motorista, acontecem nas ruas das duas maiores cidades do país: Rio de Janeiro e São Paulo, enquanto Ronnie Lessa e Élcio Queiroz, assassinos confessos de Marielle Franco e Anderson Gomes, são julgados a júri popular nesta quarta-feira (30) pela primeira vez seis anos após crime brutal que chocou o país.
Integrantes de diversos movimentos sociais se reuniram para prestar homenagem à Marielle e Anderson, brutalmente assassinados em março de 2018, e pedir a condenação imediata dos réus. Em ato simbólico, manifestantes se reuniram na escadaria da Rua Cardeal Arcoverde, em Pinheiros, em São Paulo, local marcado pelo mural em preto e branco em homenagem à Marielle.
VEJA FOTOS DOS ATOS: Marielle Franco: atos pedem condenação em julgamento de acusados por assassinato
Pena máxima para os réus
O Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) vai pedir pena máxima, de 84 anos, para Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz, acusados do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes em 2018. O pedido será feito Conselho de Sentença do IV Tribunal do Júri durante julgamento do caso.
Ronnie e Queiroz foram denunciados pelo Grupo de Atuação Especializada de Combate ao Crime Organizado para o Caso Marielle Franco e Anderson Gomes (Gaeco/FTMA) duplo homicídio triplamente qualificado, um homicídio tentado, e pela receptação do veículo usado no dia do crime.
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