CASO MARIELLE

Assassinos de Marielle no banco dos réus: o que alegam Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz

Seis anos após morte brutal de vereadora e motorista, ex-policiais militares responsáveis pelo assassinato vão júri popular; assista ao vivo

Marielle Franco foi assassinada junto de Anderson Gomes em março de 2018.Créditos: Wikimedia Commons
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O julgamento do caso Marielle ocorre após seis anos do assassinato da vereadora e do motorista Anderson Gomes. Ronnie Lessa e Élcio Queiroz estão presos desde 2019 e em 2023 começaram a fazer delação premiada com a Polícia Federal. Em março deste ano, Lessa entregou os nomes de Chiquinho Brazão, deputado federal, Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Rio, e Rivaldo Barbosa, chefe da Polícia Civil, como mandantes do crime.

Um grupo de 21 cidadãos foi selecionado para participar do Tribunal do Júri. Dentre esses, apenas sete serão escolhidos aleatoriamente para decidir sobre o caso.

O julgamento, com duração prevista de dois dias, contará com o depoimento de nove testemunhas. Sete delas foram indicadas pelo Ministério Público: a assessora Fernanda Chaves, única sobrevivente do crime; Marinete da Silva, mãe de Marielle; Mônica Benício, viúva da vereadora; Ágatha Reis, viúva de Anderson; além de uma perita criminal e dois agentes da Polícia Civil.

As duas testemunhas restantes foram indicadas pela defesa de Ronnie Lessa. A defesa de Élcio de Queiroz, por sua vez, optou por não apresentar testemunhas. Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz prestarão depoimentos por videoconferência de suas unidades prisionais. O primeiro é o responsável pelos disparos que resultaram na morte da vereadora, enquanto o segundo conduziu o veículo utilizado na execução.

O julgamento está sendo transmitido ao vivo pelo canal do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro no YouTube. 

Familiares de Marielle Franco e Anderson Gomes realizaram um ato público nesta segunda (30) em frente ao Fórum do Rio, antes do início do júri popular dos assassinos confessos. Cerca de 300 pessoas protestaram em frente ao TJ-RJ.

A irmã de Marielle Franco, a ministra da Igualdade Racial Anielle Franco, relembrou o dia do assassinato da irmã. “Perguntaram para a gente como conseguimos chegar aqui. Parecia que a gente estava chegando no velório. São quase sete anos de muita dor, de um vazio de uma mulher que lutava exatamente contra isso e foi assassinada da maneira que foi”, disse Anielle. A ministra também afirmou que o maior legado da irmã “são as pessoas que têm lutado lado a lado conosco. A gente está hoje um pouco sem palavras, muito mexido com tudo, porque é reviver aquele momento”.

Marinete da Silva, mãe de Marielle Franco, afirmou que, mesmo após quase sete anos, este dia significa reviver o momento em que sua filha foi assassinada. “A sensação que eu tenho é de estar vivendo aquela dor, mas a gente vai tentar vencer depois de tanto tempo”.

“Não é normal, em lugar nenhum, fazer o que fizeram com a minha filha. É importante que esses homens saiam daqui condenados. Que não banalizem a vida da minha filha nem de outros filhos que foram ceifados”, declarou.

Pena de 84 anos 

O Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) vai pedir pena máxima, de 84 anos, para Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz, acusados do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes em 2018. O pedido deve ser feito pelo Conselho de Sentença do IV Tribunal do Júri durante julgamento do caso nesta quarta-feira (30).

Ronnie e Queiroz foram denunciados pelo Grupo de Atuação Especializada de Combate ao Crime Organizado para o Caso Marielle Franco e Anderson Gomes (Gaeco/FTMA) duplo homicídio triplamente qualificado, um homicídio tentado, e pela receptação do veículo usado no dia do crime.