O deputado estadual bolsonarista Rodrigo Amorim (União Brasil), o mesmo que quebrou a placa da ex-vereadora Marielle Franco (PSOL) assassinada em 2018, é agora Investigado pela Polícia Civil do estado por supostas ameaças contra indígenas da Aldeia Maracanã no último dia 2. Na época, o cacique da aldeia, Uratau Guajajara, acionou a Polícia Civil, e afirmou que o deputado, acompanhado de sete homens armados, ameaçou os indígenas da aldeia.
Segundo Guajajara, Amorim teria afirmado que removeria a população "à força" e "na porrada". Uma das testemunhas, Tamykuam Pataxó, relatou aos policiais que sua vida está ameaçada, afirmando ter visto "carros pretos com vidros escuros" seguindo-a e rondando a aldeia. Ela também confirmou as alegações de Uratau Guajajara, afirmando que o deputado Rodrigo Amorim parecia ter "ódio dos moradores da aldeia" e que gravou o momento em que esteve no local, enquanto ameaçava os indígenas.
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Agora pré-candidato do União Brasil à prefeitura do Rio de Janeiro, Amorim nega as acusações. No entanto, o bolsonarista acumula um histórico de ofensas e intimidações contra os indígenas da Aldeia Maracanã. Em 2019, durante uma sessão na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), o deputado chamou o local de "lixo urbano" e sugeriu que aqueles que simpatizam com os indígenas deveriam ir para a Bolívia. Além disso, durante a campanha eleitoral de 2022, Amorim convocou uma motociata em frente à Aldeia Maracanã.
“Aquele lixo urbano chamado Aldeia Maracanã é um absurdo. E é logo em um dos trechos mais importantes sob o ponto de vista logístico, numa área que liga a Zona Norte à Zona Sul, bem do lado do Maracanã. O espaço poderia servir como estacionamento, shopping, área de lazer ou equipamento acessório do próprio estádio do Maracanã. Como carioca, me causa indignação ver aquilo do jeito que está hoje. Quem gosta de índio, que vá para a Bolívia, que, além de ser comunista, ainda é presidida por um índio”, afirmou em 2019.
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Outro lado
Rodrigo Amorim nega as acusações de diz ter sido vítima de uma "denúncia caluniosa" e que irá voluntariamente à delegacia responsável pelo caso na próxima segunda-feira (29/7). Amorim também disse que não entrou na Aldeia Maracanã e que foi “hostilizado” pelos indígenas ao chegar ao local, refutando a presença de pessoas armadas. Segundo ele, a visita tinha como objetivo “fundamentar um projeto de lei”, apresentado em junho na Alerj, que prevê a remoção da comunidade tradicional.
Quebrou placa de Marielle
Amorim foi um dos pivôs do episódio da quebra de uma placa com o nome de Marielle durante comício realizado nas eleições de 2018. Ao lado dele estava o deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ), preso por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), após ameaçar ministros da Corte. Um ano após seu assassinato, Amorim emoldurou parte da placa com o nome da vereadora em seu gabinete na Assembleia Legislativa do Rio.
Amorim, que foi candidato a vice-prefeito do Rio na chapa de Flávio Bolsonaro em 2016, também foi acusado de ter sido funcionário fantasma na prefeitura de Mesquita, na Baixada Fluminense, entre 2014 e 2016. Segundo a Procuradoria Geral do Município, o deputado teria embolsado R$ 82 mil sem jamais ter aparecido para trabalhar. Mesquita, de acordo com o IBGE, teve a pior renda per capita do estado. À época, a PGM solicitou a cassação do mandato de Amorim e a perda de seus direitos.