VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER

Como agia quadrilha que usava aplicativos de transporte para roubar e estuprar mulheres em SP

Três criminosos foram presos em flagrante enquanto levavam vítima a cativeiro e um quarto homem está foragido; Polícia já estava de olho no bando

Os três criminosos presos em flagrante.Como agia quadrilha que se usava aplicativos de transporte para roubar e estuprar mulheres em SPCréditos: Reprodução/TV Globo
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A Polícia Civil de São Paulo prendeu três homens em flagrante nesta terça-feira (14), acusados de integrar uma quadrilha em que um dos membros se passava por motorista de aplicativo para sequestrar, roubar e estuprar passageiras que entrassem sozinhas em seu carro. A quadrilha ainda conta com um quarto homem, que conseguiu fugir mas foi identificado e está foragido.

A Central Especializada em Repressão a Crimes e Ocorrências Diversas (Cerco), da 4ª Delegacia Seccional da zona norte de São Paulo já monitorava o grupo. A abordagem foi feita quando a vítima subia no veículo de um dos criminosos nos Jardins, bairro nobre e central da capital paulista, em viagem que iria até São Miguel Paulista no extremo da zona leste.

Segundo a polícia, eles a levariam para um cativeiro localizado em Itaquaquecetuba, na Grande São Paulo. Houve troca de tiros sem feridos e, com o desfecho da operação, a vítima foi resgatada antes que os criminosos pudessem cometer os crimes.

A quadrilha já estava sendo investigada após ter feito outras 6 vítimas. Todas elas foram sequestradas e roubadas; algumas também relataram estupros e abusos sexuais.

A polícia afirmou que os três presos confessaram o crime e agora vão responder por extorsão qualificada, organização criminosa e roubo majorado – quando se rouba sob ameaça. Também respondem a tentativa de homicídio contra os policiais, por conta do tiroteio empreendido no momento da prisão. De acordo com o delegado Ronald Quene Justiniano, as penas somadas podem superar os 40 anos de prisão.

O grupo ainda responderá pelos crimes sexuais, mas a polícia ainda colhe maiores informações sobre a prática junto às vítimas.

Como agia o grupo

De acordo com os investigadores, um dos integrantes do bando era cadastrado como motorista de aplicativos e agia quando uma mulher entrava sozinha no seu veículo. No meio do trajeto estipulado pela viagem, o motorista fingia uma pane no veículo e estacionava. Nessa hora, os comparsas que o seguiam de outro carro paravam logo atrás e desciam armados, anunciando um assalto. O motorista fazia papel de vítima, ao lado da vítima de fato.

A passageira então era ameaçada de morte pelo bando caso não fizesse uma transferência bancária via Pix aos mesmos. Durante o assalto, a vítima era levada ao cativeiro em Itaquaquecetuba, onde poderia vir a ser violentada sexualmente.

Uma das 7 vítimas que o grupo fez em 2023 se chama Giovanna Pacheco, tem 19 anos e é influenciadora digital. Ela contou para a TV Globo sobre sua traumática experiência vivida na madrugada de 2 março, quando teve a infelicidade de entrar no carro usado pela quadrilha. Imagens das câmeras de segurança do prédio onde ela estava gravaram o momento em que Giovanna entrou no veículo.

“Que gostosinha, vai ser uma pena se você morrer… bonitinha, tão novinha”, ouviu dos bandidos. Ela foi convocada pelos investigadores para ir à delegacia reconhecer os presos e afirmou que foi importunada sexualmente e sentiu-se abusada quando os criminosos bateram em sua bunda. Segundo Giovanna, os bandidos gravaram imagens do abuso.

Durante as 8 horas em que ficou sob custódia da quadrilha chegou a ser levada a dois cativeiros e foi obrigada a repassar R$ 10 mil. “Queriam 40 mil mas eu não tinha”, afirmou. Após transferir os R$ 10 mil, os bandidos chamaram justamente um carro de aplicativo para levá-la embora.