SABOTAGEM ELEITORAL?

Alunos acusam professor bolsonarista de supostamente sabotar voto com prova às vésperas das eleições

O caso acontece na Universidade Federal de Viçosa (MG); professor de física já foi acusado de agredir aluna por divergências políticas

Créditos: Daniel Sotto Maior /Universidade Federal de Viçosa
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Estudantes da Universidade Federal de Viçosa, em Minas Gerais, estão denunciando o professor do departamento de física Gino Ceotto por supostamente sabotar o voto dos alunos devido a uma prova de Física 1, identificada como FIS 191 no sistema da universidade, marcada para as 14 horas do sábado anterior às eleições.

Nas redes sociais, os estudantes comentam que é sabido que a maioria deles precisam deixar a cidade para votar e que, ao terminar a prova no fim da tarde de sábado, as opções para chegarem à tempo aos locais de votação no domingo ficam mais reduzidas. Pesa ainda o fato de que na sexta-feira anterior, em 30 de setembro, é comemorado o aniversário de Viçosa com um feriado municipal.

Coordenador da disciplina Física 1, disponível em alguns cursos, o professor Gino Ceotto é responsável por cerca de 500 alunos. Além disso, também foi acusado de agredir uma aluna em 29 de julho por divergências políticas.

“Enquanto passávamos em sala mobilizando os estudantes para a eleição do DCE que vai acontecer na semana que vem [primeira semana de agosto], após falarmos sobre o inimigo da educação que é o presidente Bolsonaro, um professor se sentiu no direito de nos agredir, e nos agrediu fisicamente”, diz o relato da aluna.

Na ocasião, a universidade divulgou nota repudiando as agressões, mas não havia divulgado o nome do professor, que acabou vazado por contas de alunos nas redes sociais. A suspeição dos alunos de que o professor teria marcado a prova com vistas a impedir a participação eleitoral da maioria dos estudantes – que em tese votariam em massa contra o candidato do docente – se baseia nessa associação.

O que diz o professor

O professor enviou email à Fórum em que esclarece:

- dentro de sala de aula eu não tenho função que não seja a de professor, não fazendo apologia de candidato ou partido, sendo contra o uso da suposta superioridade de professor para doutrinação ideológica;

- a referida prova foi marcada a partir de um calendário oferecido pela Diretoria de Registro Escolar (RES), em que os feriados são retirados de entre os possíveis dias de provas;

- ao perceber que a primeira prova tinha sido marcada para dia anterior ao da eleição, e verificando que grande parte dos alunos não poderia comparecer, por estarem em viagem para seus domicílios eleitorais, informei aos estudantes que daria outra prova para estes, para que viajassem sem preocupação;

- ao mesmo tempo, encaminhei ao RES solicitação para transferir a referida prova para qualquer dia, entre 04 e 08 de outubro, no que fomos atendidos (não sou o único professor da disciplina), sendo a prova marcada para o dia 06/10.

Lamento que esta Revista use seu espaço para publicar inverdades, inclusive a de que eu teria agredido uma estudante por "divergências políticas". Não houve agressão, e o motivo de retirar da sala de aula dois estudantes (de outras universidades) aconteceu por terem descumprido uma combinação prévia de não usar o espaço para manifestações político-partidárias.

*Com informações do G1.