O jovem de 16 anos que protagonizou dois ataques a escolas em Aracruz, no Espírito Santo, foi condenado nesta quarta-feira (7) a três anos de internação pelo juiz Felipe Leitão, da Vara da Infância e Juventude da cidade. O atirador pegou o maior tempo de internação previsto como medida socioeducativa para adolescentes.
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O jovem atirador confessou os crimes para a polícia e se encontra internado no Instituto de Atendimento Socioeducativo do Espírito Santo (Iases), na cidade de Cariacica.
Os ataques teriam sido planejados por cerca de dois anos e vitimaram 4 pessoas até agora. Entre os 12 feridos, duas professoras e uma criança, baleada na cabeça, seguem internados. A arma usada no crime pertencia ao pai do atirador, que é tenente da Polícia Militar. Além disso, ficou comprovado pela análise do celular do jovem que ele tinha simpatia por ideias neonazistas.
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As investigações agora devem apurar se o jovem efetivamente participa de algum grupo neonazi e se o pai do jovem tem parte no acontecimento, seja facilitando acesso à arma e ao carro ou influenciando na formação dos ‘ideais’ do filho. A defesa nega qualquer participação, mesmo que indireta.
Os ataques
Um atentado a tiros provocado por um jovem de 16 anos causou nova tragédia em uma escola pública em 25 de novembro. O autor, que não teve a identidade revelada, invadiu a Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio (EEFM) Primo Bitti, em Aracruz, no Espírito Santo, e abriu fogo, assassinando quatro pessoas e deixando outros 11 feridos. Ele teria iniciado o ataque pela sala dos professores e, em seguida, outras salas. Na escola, duas pessoas foram mortas.
Em seguida, entrou em um carro e seguiu para a escola particular Darwin, que fica na região, e fez novos disparos. No local, ele feriu cinco pessoas e matou uma aluna.
As quatro vítimas fatais
Uma das vítimas foi a professora de artes Maria da Penha de Melo Banho, de 48 anos. Chamada carinhosamente de Penha na comunidade escolar, a professora também fazia a alfabetização das crianças da escola. Ela deixou o marido, com quem esteve casada por 19 anos, e três filhos. Seu corpo foi velado em igreja evangélica da cidade, onde familiares e amigos se comoveram com sua partida. "Ela morreu no lugar que mais amava, dentro da escola, mas não merecia morrer desta forma tão trágica, ainda estou sem chão", lamentou Santilha Pereira de Melo Perovani, irmã da vítima.
Outra vítima foi uma estudante de apenas 12 anos. Seu corpo ainda teve de passar por exame de necropsia no Departamento Médico Legal (DML) na capital Vitória e só foi liberado na noite de sexta. Estudante do 6º ano do Centro Educacional Praia de Coqueiral, a adolescente Selena Sagrillo Zuccolotto morava no mesmo bairro da escola, Coqueiral de Aracruz, e havia recebido um certificado pelo seu bom desempenho escolar em premiação ocorrida nesta semana. A jovem foi atingida por muitos disparos e não resistiu até a chegada do socorro.
A terceira vítima foi a professora de matemática Cybelle Passos Bezerra Lara, de 45 anos. Também lecionava na escola estadual Primo Bitti, era efetiva da rede estadual desde 2018. Assim como Maria da Penha, Cybelle morreu na própria escola, pouco tempo após receber os disparos. Em 2019, foi uma das selecionadas para atuar na Olimpíada de Matemática das escolas estaduais do Espírito Santo.
Já a professora Flávia Amoss Merçon Leonardo, de 38 anos, ficou internada em estado gravíssimo no Hospital Dr. Jayme dos Santos Neves até o dia seguinte (26), quando não resistiu aos ferimentos e acabou tornando-se a quarta vítima fatal do ataque.